Arranca esta noite no Porto a 9ª edição do Festival da Fábrica, espectáculo de dança contemporânea com exibições até 19 de Maio.

“Framework Fame”, de Mário Afonso, abre o festival. O responsável pela programação e produção do festival, Alberto Magno, desvendou ao JPN que o espectáculo com duas partes “é uma reflexão sobre o papel do artista enquanto criador. Discute questões como ‘o que é o espectáculo?’, a função do artista, o que ele descobre e avalia se é importante para o público. O primeiro espectáculo parte como introdução a essa discussão, que depois se prolonga nos outros trabalhos”.

“Framework” é, para Mário Afonso, “uma reacção às questões do estatuto do bailarino, condições precárias em que se produz dança contemporânea, papel inexistente do crítico e internacionalização”, a que se juntam interrogações de cariz pré-existencial: ‘O que é isto que faço? Porque o faço? Que necessidade extrema é esta?””.

“Fame”, por sua vez, é descrito como “um trabalho não menos reactivo e não menos festivo que ‘Framework’ “. Nestas duas peças, o artista mantém aquilo que considera “o mais importante: a poética do tempo e do lugar em que me encontro”.

Alberto Magno explicou ao JPN a génese do evento: “Acaba por ser um festival resistente. Estamos na 9ª edição, de momento é o único festival deste tipo no Norte e tem procurado trazer alguma inovação, novos criadores, apresentar novas propostas e apoiar artistas da região, principalmente do Porto”. O objectivo “tem sido cumprido. A mais-valia deste festival é ser um grande incentivo à dança, à criação contemporânea aqui no Norte”.

A programação do Festival da Fábrica, evento organizado pela Fábrica de Movimentos, enfatiza “a apresentação de trabalhos que reflictam sobre a condição humana”.

Cartaz polivalente

O Festival da Fábrica apresenta um conjunto de espectáculos diversificado, que incluirá performances de Mário Afonso, Sónia Gomez, Luiz de Abreu, Vera Santos, Miguel Pereira, Ana Trincão, Vera Mota, Andreas Dyrdal, Maria Guilherme Garrido, António Pedro Lopes e Valentina Desideri, entre outros.

O Festival estabeleceu uma co-produção inédita com o Espaço Maus Hábitos para a realizar a ‘Mostra Show Rooms’, uma exibição de artistas que “cruzam fronteiras entre a dança e a performance, e em muitos casos, privilegiam a performance como meio de comunicação”. Busca-se uma presença em simultâneo de vídeo, música, palavra, artes plásticas, entre outras representações artísticas.

O Festival da Fábrica reparte-se entre o Espaço Maus Hábitos, o Teatro Helena Sá e Costa e o Espaço 555. O evento tem o apoio do Ministério da Cultura e Instituto das Artes (IA) e da Embaixada de Espanha. É uma co-produção da Fundação Instituto Politécnico do Porto e do Teatro Helena Sá e Costa, contando ainda com a colaboração do Núcleo de Experimentação Coreográfica e do Espaço 555.