“Sinapses” é o nome da primeira editora de livros electrónicos em Portugal. O projecto foi idealizado por três antigos estudantes da Universidade de Coimbra – João Pedro Pereira, Rui Justiniano e Jorge Vaz Nande, que entretanto saiu e deu lugar a Sérgio Alves. No final de Abril, a editora de e-books disponibilizou no seu “site” as primeiras seis obras do seu catálogo, em formato PDF.

O objectivo é divulgar novos escritores. Os livros podem ser descarregados de forma gratuita, após uma revisão e avaliação dos criadores da Sinapses, que obedece a critérios como inovação, qualidade estilística e originalidade. A editora surgiu há mais ou menos um ano, altura em que João Pedro Pereira – mentor do projecto – viu a chamada “Web 2.0” como a grande oportunidade para investir nas publicações “on-line”.

A equipa tem avançado passo a passo com o projecto. Amadureceram a ideia e encontraram espaço na Internet. Agora, a fasquia está mais alta, em grande parte devido ao modelo de sustentação financeira do projecto.

“O degrau mais importante que temos de subir passa precisamente por conquistar a eficácia do modelo de crescimento que definimos para a editora – algo que passa pela existência de apoios e patrocínios prestados por parte de entidades externas”, afirmam ao JPN, por e-mail.

Os promotores da iniciativa revelaram ainda que “é difícil promover um espaço de publicidade associado a uma obra literária”. “Se para um particular ou empresa pode ser entranho utilizar um livro como veículo de publicidade, é provável que surjam maiores reservas quando esse veículo é promovido por uma editora que dá os seus primeiros passos”.

“eBooks” não são um balão de ensaio

Alexandra Pereira, Anabela Natário, Berta Henriques Brás, João Vasconcelos Costa, Manuel Neves Filipe e Paulo Amaral André são os autores com obras disponíveis na Sinapses.

“Desde o início que temos recebido imensos trabalhos, quer provenientes de autores sem qualquer obra editada, quer de autores já com alguma experiência, com prémios literários e obras editadas”, esclarecem. Mal o projecto arrancou, foram enviados vários trabalhos, dos quais apenas seis foram seleccionados. Mas “a matéria-prima nunca é demais”.

Há alguns autores que vêem a Internet como “um espaço demasiado desregrado e translúcido e temem que a publicação os deixe mais fragilizados em termos de protecção de direitos de autor”. É neste sentido que a editora procura sempre explicar a todos os autores quais são as suas garantias, riscos e formas de que eles, autores, e a própria editora, dispõem para se protegerem.

A Sinapses não pretende ver os e-books como “um formato meramente subsidiário do livro convencional, muito menos como balão de ensaio ou como uma etapa intermédia numa linha de evolução natural que termine com a edição impressa de uma obra”. “A literatura não está refém de um formato predefinido, de um veículo estandardizado”, concluem.