Tradicionalmente os maiores grupos de risco em relação ao VIH/sida, os toxicodependentes e homo e bissexuais começam a dar lugar à população heterossexual, com especial destaque para os indivíduos a partir dos 54 anos.

O Movimento de Apoio à Problemática da Sida (MAPS) lida diariamente com a população algarvia infectada. Convidada a apresentar-se pela Liga Portuguesa de Profilaxia Social, a instituição participou, nesta quarta-feira, no seminário “Sida, Prostituição e Sexualidade – Intervenção, Estado da Arte”, realizado no Porto.

Dos resultados apresentados, foi destacado o aumento do número de casos de sida nos grupos etários mais idosos, no distrito de Faro. A maioria dos utentes do apoio domiciliário do MAPS é do sexo masculino, são heterosexuais e tem mais de 64 anos. A tendência vai de encontro aos actuais níveis de incidência do VIH/sida nas faixas etárias mais altas, a nível nacional.

Na população idosa verifica-se um desconhecimento de como usar o preservativo. Há casos em que se paga mais a prostitutas para ter relações sem protecção. Ao JPN, Ana Ismael, do MAPS, considerou que “ter relações sexuais com o preservativo não faz sentido” para os mais velhos. Muitos recusam-se mesmo a usar protecção em actos sexuais.

A prevenção é bastante dificil a partir de uma certa idade, já que os hábitos e comportamentos encontram-se bastante enraizados. Por outro lado, em Portugal, as campanhas sempre focalizaram os toxicodependentes e a prostituição, deixando de lado os mais velhos. “Esquecem que a terceira idade é um grupo onde existem comportamentos de risco”, aponta Elsa Correia, também do MAPS.

As responsáveis da instituição insistem no défice de prevenção como uma das causas para a realidade vigente. Ao contrário da sensibilização feita junto dos jovens, cuja concentração em grupos nas escolas favorece as acções de informação, a população mais idosa encontra-se dispersa. “Onde é que encontramos e conseguimos reunir essas pessoas com mais de 50 anos?”, questiona Ana Ismael.

Para Elsa Correia, o facto de ser um grupo “não controlado” é um aspecto que pode indiciar o aumento do número de casos nos próximos anos.