Assinala-se hoje, quinta-feira, o Dia Mundial das Telecomunicações, da Sociedade da Informação e da Internet. Primeiramente usada para fins bélicos, permitindo a comunicação entre computadores militares e a subsequente troca de informações, a Internet passou a ser uma das formas mais abrangentes e rápidas de transmissão de dados a distâncias muito consideráveis.

Em 1991, Tim Berners-Lee publicou um projecto para a World Wide Web, dois anos depois de iniciar a criação da linguagem HTML. Em 1994 já havia interesse social generalizado pelo fenómeno e em 1996 o termo “Internet” era de uso comum. Na era em que vivemos, a Internet assume um papel preponderante em termos sociais, educativos, informativos e culturais. Todavia, existe o reverso da medalha, com o favorecimento na prática de actividades ilícitas.

Blogues e “media”

A “condenação à morte” dos meios de comunicação tradicionais às mãos da Internet é cada vez mais aceite como uma possibilidade. Pela rapidez, comodidade e baixo custo, as novas tecnologias vão tomando o lugar daqueles. A sua popularidade é crescente, proporcionando quase uma vida paralela ao utilizador.

António Granado, jornalista do “Público” e professor na Universidade Nova de Lisboa, não vê perigos na falta de controlo da Internet como difusor de conteúdos. “Acho que a Internet foi criada como um espaço de liberdade e assim deve continuar. Não há nenhum problema com conteúdos sem controlo. Mesmo com os que possam ser considerados perigosos, deve acontecer o que acontece em outras actividades. O que é ilegal, é proibido”, explicou ao JPN.

António Granado está convicto de que “a credibilidade jornalística ganha-se ao longo do tempo. Prefiro muitos blogues a alguns jornais tablóides. Não faz sentido pensar que os blogues, porque são escritos por pessoas que conhecemos menos são piores do que órgãos de comunicação social que estão registados e têm autorização de funcionamento, mas não cumprem as regras mais básicas”, referiu.

Granado crê que a Internet oferece muitas vantagens face aos meios convencionais, já que estes “estão limitados no espaço ou no tempo. A Internet permite, através das hiperligações, e pelo espaço infinito, colocar muito mais informação, que o utilizador pode explorar. Há ainda a questão do multimédia, que permite meios e conteúdos diferentes”. A interactividade é outra vantagem apontada pelo jornalista.

Aumento do “spam”

Para o responsável pela área de redes de telecomunicações móveis do INESC Porto, Mário Jorge Leitão, “a Internet veio permitir comunicação em tempo real, de forma muito mais expedita do que os meios tradicionais”.

Mário Jorge Leitão destacouao JPN “o salto fundamental na divulgação da Internet, os motores de busca, com a possibilidade de agregar dados de muitos ‘sites’ e permitir a escolha face aos resultados”. Mais tarde, serviços como “transferência de ficheiros e correio electrónico” constituiram outros pontos fortes.

Mário Jorge Leitão acredita que “a globalização vai aumentar o número de ameaças que se colocam, como a pirataria e o correio não desejado, o “spam”.

“Cada vez mais os sistemas e o ‘software’ se apuram para evitar que esses danos colaterais associados à globalização se sobreponham às vantagens. Essa luta há-de sempre existir. À medida que se utilizam as tecnologias vai havendo o risco de ameaças. Mas há que lutar contra isso, ao nível técnico e ao nível de sensibilização dos utilizadores”, rematou.