As luzes do palco do Teatro Nacional S. João acendem-se amanhã, quinta-feira, pelas 21h30 para receber “European House”, o espectáculo que inicia a 30.ª edição do Festival Internacional de Expressão Ibérica (FITEI). A peça da companhia de teatro Lliure (de Barcelona) é encenada por Àlex Rigola.

O director artístico do FITEI, Mário Moutinho, destaca a presença de um conjunto de espectáculos de companhias de teatro espanholas como uma das novidades desta edição do festival. “Os Tricicle são um dos grupos mais interessantes que existe em Espanha de teatro sem palavras e de humor”, exemplifica ao JPN.

“Havia uma intenção de programar para este festival um conjunto de espectáculos sem palavras também como homenagem a um tipo de teatro que é absolutamente universal”, esclarece.

Teatro nas ruas

Outro dos destaques desta edição vai para o regresso do teatro às ruas do Porto com o espectáculo “A 8ª Maravilha”. A 6 de Junho, a Praça D. João I vai ser o ponto de partida do percurso que segue pela Avenida dos Aliados, Praça da República e termina na Praça General Humberto Delgado.

“Há muito tempo que não fazíamos teatro de rua no Porto no FITEI e este ano conseguimos, graças ao acordo com a [empresa municipal] Porto Lazer. Trata-se de um espectáculo de grandes dimensões de uma companhia francesa, que tem a participação de actores portugueses, espanhóis, franceses, marroquinos e argelinos e é de uma riqueza visual muito grande”, adianta Mário Moutinho.

18 espectáculos

O FITEI vai ainda contemplar espectáculos mais contemporâneos. Este sábado, o teatro e a dança cruzam-se no “Requiem 21 K626” em plena praça do El Corte Inglês, em Gaia. Domingo, o Teatro Carlos Alberto vai ser palco de “eDGe”, cruzamento de dança com as artes digitais.

Da programação do FITEI fazem parte 18 espectáculos, três dos quais são estreias absolutas: “O Cerejal”, “O Resto do Mundo” e “Yepeto”. A exposição “Palco da Ilusão”, no Mercado Ferreira Borges, os colóquios “Uma leitura africana de Koltés” e “As estruturas dos profissionais das artes do palco” e o lançamento do livro “O Palco da Ilusão” são as quatro actividades que vão decorrer em paralelo e cuja entrada é gratuita.

“Escolas no FITEI” é outra das novidades desta edição do festival. A iniciativa consiste em apresentar 50 trabalhos das escolas de artes cénicas do Porto.

15 mil espectadores esperados

O director artístico do FITEI está convencido de que as expectativas em termos de adesão do público não vão ser goradas. “Julgo que o Festival vai rondar os 15 000 espectadores”, um valor idêntico à edição anterior do FITEI, diz.

O FITEI realiza-se há já 30 anos, sem interrupções, e é uma referência a nível nacional e internacional. Mário Moutinho destaca a missão da equipa actual: “lançar o festival para o futuro”. “Comemoramos os 30 anos com o interesse e a vontade de dimensioná-lo para a frente, isto é, torná-lo maior, mais moderno, contemporâneo, dinâmico”.

“Não nos queixamos da falta de público”

A variedade de espectáculos faz com que o FITEI tenha um público muito diversificado. Mário Moutinho diz que o público portuense “precisa de ser confrontado com espectáculos de grande nível. Quando isso acontece ele aparece em massa”. “Nós queixamo-nos de muita coisa, mas não nos queixamos da falta de público”, sublinha.

Os problemas financeiros são a grande dificuldade do festival que demora um ano a ser organizado. “O festival tem uma estrutura grande e um prestígio nacional e internacional grande para os quais as dotações orçamentais são relativamente pequenas. O que dificulta a estruturação do festival”, afirma.

O financiamento do FITEI não se limita aos “subsídios oficiais”, já que foram estabelecidas parcerias com um conjunto de entidades como a Fundação de Serralves, o Teatro Nacional S. João, o Teatro Nacional D. Maria II ou o El Corte Inglês para suportar os custos do festival. Contudo, Mário Moutinho admite que não é suficiente: “Precisávamos de ter uma base financeira maior do que aquela que temos”.