Um estudo realizado em 123 mulheres, entre os últimos três meses de gestação e os primeiros seis meses após o parto, concluiu que a gravidez e o parto induzem incontinência urinária em 20% das mulheres.

O estudo, feito pela investigadora e docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) Teresa Mascarenhas, teve como objectivo compreender os factores de risco para a incontinência urinária, partindo do princípio que todas as mulheres da amostra eram saudáveis e não apresentavam sintomas da doença antes da gravidez.

A investigação demonstrou que, nos últimos três meses de gestação, 52% das mulheres sofreram de incontinência urinária. Durante a gravidez estes sintomas são recorrentes mas temporários, desaparecendo após o parto na maioria dos casos.

Contudo, de acordo com os resultados obtidos, 20% das mulheres mantinham incontinência urinária, seis meses após o parto, o que indica o carácter permanente da patologia.

Apenas 30% das mulheres em estudo mantiveram o controlo urinário durante a gestação e no período pós-parto.

Diminuição da qualidade de vida

O estudo avaliou também o impacto da patologia na vida das doentes. Chegou-se à conclusão que a incontinência urinária reduz significativamente a qualidade de vida, impondo limitações às actividades do dia-a-dia, incluindo no emprego, e condicionando até o sono e as relações pessoais.

Comparativamente às mulheres com controlo urinário, as que sofrem de incontinência apresentam índices de predisposição a depressões muito superiores, com 14% de diferença, explica Teresa Mascarenhas.

Colaboração com a FEUP

Sabendo-se que essas mulheres têm uma diminuição muscular do pavimento pélvico que pode ser tratada com fisioterapia adequada, a FMUP, em colaboração com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, está a desenvolver um novo aparelho e a realizar estudos de simulação do parto vaginal, de modo a perceber os biomecanismos subjacentes aos traumatismos obstétricos. O novo aparelho vai permitir fazer uma avaliação precisa da força muscular do pavimento pélvico.

Quebrar o tabu que ainda rodeia este tema, consultar o médico e fazer tratamento em fase inicial dos sintomas é crucial nesta doença, defende a investigadora Teresa Mascarenhas.

A incontinência urinária afecta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo e foi identificada pela Organização Mundial de Saúde como um problema maior de saúde pública.