Pedir um pacote de leite emprestado, deixar os filhos durante a tarde, pedir para regar as plantas num fim-de-semana, ou simplesmente dizer bom dia pela manhã. São comportamentos típicos entre vizinhos, pelo menos os de antigamente. Hoje em dia, os tempos trouxeram outro ritmo de vida que não incentiva a vizinhança.

Para fomentar uma sociedade mais sociável e solidária, foi criado o Dia Europeu dos Vizinhos, que se assinala hoje, terça-feira. A Federação Europeia de Solidariedade Local nomeou o Comité de Coordenação de Habitação Social para a organização da iniciativa em Portugal.

“O Dia Europeu dos Vizinhos foi um dia criado para minimizar alguns problemas da nossa sociedade como a indiferença, a perda dos valores sociais que as sociedades têm vindo a criar com o desenvolvimento”, diz Sandro Bernardo.

O gestor do projecto admite que não foram atingidos os objectivos esperados. “Ficamos a metade do objectivo, conseguimos chegar a 25 cidades. No entanto, acreditamos que haja outras que vão festejar que não sejam nossas parceiras. Mas é um saldo muito positivo, isto comparando com o ano passado em que tivemos seis cidades.”

A iniciativa envolveu 20 mil portugueses. Nas várias freguesias que aderiram é estimulado o convívio entre vizinhança, através de várias actividades. O Porto desta vez não aderiu, mas houve festa em Matosinhos e Vila Nova de Gaia, com jogos tradicionais, comes e bebes e música.

Falta tempo para o convívio

A maioria das pessoas ouvidas pelo JPN diz ter boa vizinhança mas queixa-se de pouco tempo para confraternizar. A culpa pode ser da arquitectura ou dos tempos que correm.

A arquitecta Ana Maria Martins dá o exemplo do Bairro do Barredo, onde Siza Vieira projectou espaços amplos para convívio e onde tal não acontece.

É o terceiro ano consecutivo em que se festeja a festa dos vizinhos em Portugal. Está também garantida a organização do evento no nosso país pelo Comité Português de Coordenação de Habitação Social por mais três anos.