O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou, numa entrevista divulgada nesta segunda-feira, ser o único democrata “puro” no mundo. Puttin dirigiu críticas às situações vividas na democracia norte-americana. “Vamos ver o que acontece na América do Norte. Puro horror: tortura, os sem-abrigo, Guantánamo, manter gente sob custódia sem julgamento ou investigação”, disse.

Putin já havia afirmado, no domingo, que as instalações americanas no leste europeu poderiam tornar-se alvos russos, se os EUA continuassem com os seus planos de instalar escudos antimísseis perto do território da Rússia.

“Se o potencial nuclear americano crescer no território europeu, nós teremos que estabelecer novos alvos na Europa”, disse Putin, numa entrevista publicada este domingo pelo jornal italiano “Corriere della Sera”.

O porta-voz da NATO, James Appathurai, respondeu às afirmações de Putin, considerando-as um “comentário inútil” e que “não é bem-vindo”.

Medo de uma nova corrida ao armamento

Os Estados Unidos alegam que os seus planos de construir novas instalações de defesa antimísseis na Polónia e na República Checa têm como objectivo lidar com ameaças de países como o Irão e a Coreia do Norte.

Os planos norte-americanos são encarados por Putin como uma ameaça ao território russo, podendo levar a uma nova corrida ao armamento. O presidente afirmou ainda que o Irão não representa nenhuma ameaça aos EUA.

O chefe do Conselho de Segurança Nacional do Irão, Ali Larijani, descreveu a intenção norte-americana de alargar as suas instalações militares no leste europeu como “a piada do ano”, acrescentando que os mísseis do Irão não têm capacidade de atingir a Europa.

Troca de acusações

Em resposta aos planos americanos, a Rússia já testou um míssil balístico intercontinental, que atingiu um alvo a 5,5 mil quilómetros a leste do local onde foi lançado. Putin acusa os EUA de terem alterado o “equilíbrio estratégico” depois de se terem retirado do Tratado Antimísseis Balísticos, em 2002.

Putin vem sendo acusado pelo Governo norte-americano de ter recuado com as reformas democratas na Rússia. Mas o presidente afirmou que a possibilidade de implementar um regime totalitário no país é “um disparate completo”.