A edição deste ano do Festival Vilar de Mouros foi cancelada, esta quarta-feira, pela Portoeventos (a empresa que o organiza desde 1999) e pela junta de freguesia local. Em causa está o que as duas entidades dizem ser a falta de resposta por parte da Câmara de Caminha ao pedido de apoio financeiro e logístico.

“A câmara não se vem envolvendo como deveria”, afirmou ao JPN o presidente da Junta de Freguesia de Vilar de Mouros, Carlos Alves. “Estávamos a um mês e pouco do festival e ainda não se sabia [o que a autarquia ia fazer]”, acusou. A Câmara de Caminha rejeita as críticas e diz o apoio mantinha-se nos moldes dos anos anteriores.

A Portoeventos e a Junta de Freguesia enviaram em Dezembro de 2006 uma carta à Câmara de Caminha na qual pediam apoio financeiro e logístico. Segundo Carlos Alves, a presidente da edilidade, Júlia Paula, “teima” em não receber e dialogar com as duas entidades que põem de pé um festival com “muita importância para o concelho e para a região alto minhota”.

“Os patrocinadores precisam de saber que o festival é acarinhado pelo município”, afirmou. O espaço em que o evento é organizado é propriedade da junta de freguesia, mas questões como o abastecimento de água, limpeza do recinto e licenças de funcionamento cabem à câmara. E “nada estava garantido”, lamentou Carlos Alves.

Brian Wilson era o nome forte

“Julgo que a decisão é irreversível”, sublinhou o presidente da junta de freguesia de Vilar de Mouros. Em comunicado, a Portoeventos e a junta prometem reatar o decano dos festivais portugueses “já em 2008”, mediante uma renegociação das condições preparadas para a edição deste ano.

Para o festival estavam anunciados concertos de Marky Ramone, The Queers, Super Ratones e dos portugueses Blasted Mechanism e The Gift. O nome maior do festival era o do ex-Beach Boys, Brian Wilson, que já tinha sido anunciado na edição de 2006.

Divergências antigas

O traçado da A28 e o protocolo firmado em 2005 entre junta de freguesia e Portoeventos, sem a Câmara de Caminha, para a concessão dos festivais de Vilar de Mouros até 2010 já tinham sido motivo de divergências entre as partes.

Carlos Alves, eleito pela CDU, não acredita, porém, que a presidente da Câmara de Caminha (PSD) esteja a retaliar. “Não gostaria de relacionar, não seria elegante. Não há nenhuma quezília que se sobreponha à importância deste festival”, disse.

“[Júlia Paula] Não nos recebe, não há diálogo. Ficamos sem perceber o que está por trás do alheamento da presidente da câmara. Não há nenhuma razão que o justifique. A decisão prejudica gravemente o concelho”, acrescentou.