A empresa municipal Águas do Porto quer despoluir até 2009 as numerosas ribeiras que atravessam a cidade.

Limpar as ribeiras é uma meta que tem sido bandeira de sucessivos executivos camarários. Mas desta vez, garante o presidente da Águas do Porto, Poças Martins, há “vontade política” e “articulação”, dois requisitos essenciais mas que até aqui nunca se conjugaram. Até 2009, a empresa municipal quer concluir as ligações ao saneamento e conseguir limpar as muitas ribeiras da cidade.

O projecto implica ligar até 2009 um total de 25 mil fogos à rede de saneamento, dos quais cinco mil já este ano. O investimento total é de 10 milhões de euros. “Não é para as calendas. Estamos a pôr tempos e meios [no terreno]”, afirmou Poças Martins, esta sexta-feira, na apresentação do projecto “Ribeiras do Porto”. “O que estamos a fazer no Porto foi o que foi feito em Gaia”, acrescentou o antigo presidente da Águas de Gaia.

“Despoluir, desentubar e reabilitar” é o lema do projecto. Recuperar os ecossistemas anteriores ao entubamento ou à degradação das ribeiras, quando possível, e melhorar as suas imediações para uso dos cidadãos são os objectivos prioritários das intervenções. Na maior parte dos casos, já não é possível restaurar o ecossistema inicial, lamentou Martins.

Agir no terreno, identificar os principais poluidores, despoluir de montante para jusante e monitorizar secções do rio para avaliar resultados, que serão publicitados na Internet, é a estratégia a seguir. Poças Martins lançou o aviso aos poluidores: “Vão ter a vida muito dificultada. Já alguns possíveis poluidores foram identificados”.

Asprela e Granja são os casos mais graves

As ribeiras de Foz, Nevogilde e Aldoar, que desaguam no mar, são prioridades, mas os casos mais graves são as da Asprela e da Granja. A primeira, também conhecida por ribeira do Picoto ou da Manga, tem 3,7 quilómetros de extensão, dos quais 2,4 são entubados. A segunda, que recebe os nomes das várias localidades que atravessa, tem 6,5 quilómetros, dos quais 5,2 estão canalizados.

Exemplos de caminhos a não repetir são os cursos de água emparedados na Ribeira da Asprela. “As ribeiras do Porto não têm uma identidade. São meros meios para, na maior parte dos casos, receber esgotos, e, noutros tempos, para regar”, descreveu Poças Martins. O vice-presidente da Câmara do Porto, Álvaro Castello-Branco, considera “inaceitável nos dias de hoje” a situação das ribeiras portuenses.

A despoluição das ribeiras é um dos meios fundamentais para atingir o objectivo de dotar o Porto de mais zonas balneares e bandeiras azuis. “A política de saneamento mede-se nas praias. Ainda não usamos sequer 50% dos trunfos que vamos gastar. Até ao ano passado as praias do Porto envergonhavam”, afirmou Poças Martins.

Autarquias vão trabalhar em conjunto no rio Tinto

O estudo elaborado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto sobre a poluição no rio Tinto já está concluído. Servirá de base ao trabalho concertado dos municípios de Valongo, Maia, Gondomar e Porto.

A análise, coordenado pelo professor Veloso Gomes, concluiu que a indústria de Gondomar é a principal responsável pelo estado de degradação a que chegou o rio – um problema antigo. Sem fixar prazos, Álvaro Castello-Branco disse acreditar que o rio estará despoluído num “prazo muito razoável”.