A Câmara do Porto volta a criticar o presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), acusando João Goulão de defender interesses do PS e de falta de “argumentos publicamente utilizáveis” para justificar a suspensão do financiamento do Porto Feliz, programa de combate à toxicodependência.

Em comunicado emitido quarta-feira, a autarquia critica o facto de João Goulão ter participado numa sessão de esclarecimento, no dia anterior, na sede do PS/Porto – um sinal, segundo a CMP, de que o fim do programa deve-se apenas a motivos políticos, como o presidente da câmara, Rui Rio, já tinha defendido, quando declarou o fim do Porto Feliz, no passado dia 18.

Goulão considerou “desproporcionados” os sete a oito milhões de euros gastos pelo Porto Feliz, desde 2002, na recuperação de 334 toxicodependentes. “Há outras soluções com relação custo/benefício superior”, afirmou.

Na resposta, a CMP desafia o presidente do IDT a vir “publicamente divulgar e explicar todos os gastos que mantém com a Associação Ares do Pinhal, em Lisboa, e qual o sucesso atingido com as verbas transferidas”. “O Governo parece estar muito preocupado com os custos da autarquia e, aparentemente, muito tranquilo com os Ares do Pinhal”.

“O estado de degradação que o País parece estar a atingir – numa crescente confusão entre defesa de interesses partidários e exercício de cargos públicos – levou a que o presidente do IDT, com a respectiva anuência do senhor ministro da Saúde, respondesse ‘institucionalmente’ à Câmara do Porto coberto pela bandeira do partido que o nomeou”, remata a nota do Executivo camarário.

“Resposta de emergência”

Para Rui Rio, é “absurdo” e uma “estupidez” “voltar à situação de 2001”, antes da implementação do programa. O “Porto Feliz”, com as suas “equipas de rua”, vai “à procura dos toxicodependentes”, disse, no passado dia 18, diferindo da filosofia de combate ao Governo, que, segundo Rio, limita-se a ter as portas dos CAT [Centros de Apoio a Toxicodependentes] “abertas”.

João Goulão prometeu uma “resposta de emergência” aos arrumadores e toxicodependentes abrangidos pelo programa e, particularmente, para a Casa da Vila Nova, que apoia actualmente 161 pessoas com recurso às drogas de substituição e que a CMP deixará de gerir a 31 de Julho. Os 59 técnicos do Porto Feliz não serão integrados no IDT, garantiu, mas podem concorrer às “novas entidades que deverão emergir”.