O bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE), Fernando Santo, defendeu, esta segunda-feira, que o número de cursos de Engenharia em Portugal deveria ser reduzido em 80%. Para Fernando Santo, muitas designações dos cursos são “marketing puro”, não correspondendo aos padrões de qualidade exigidos.

O responsável da OE disse aos jornalistas, em Coimbra, onde participou numa conferência internacional sobre o ensino da engenharia, que “não faz sentido existirem mais de 60 ou 70 cursos de Engenharia”. Actualmente existem 314.

“Contestamos a forma como as designações estão a ser divulgadas sem terem a ver com os conteúdos. Há cursos que têm no seu título ‘Engenharia informática’ e depois têm duas ou três cadeiras de Informática”, exemplificou, criticando “o marketing que está a ser feito por muitas escolas para atrair alunos, porque há menos alunos do que a oferta instalada”.

Encerrar ou fundir

Da futura agência de acreditações do ensino superior, Fernando Santo espera que siga os “níveis de exigência internacionais”. Nesse caso, defendeu, “vai obrigatoriamente acabar por perceber-se que há cursos que deveriam ser fechados, não deveriam existir, porque não têm o mínimo de qualidade”. Depois, terá que haver a “decisão política de encerramento desses cursos, ou de algumas escolas, ou de fusão de escolas”.

“Se [a agência] não o fizer”, continuou, “acho que Portugal corre o risco grave de ter pessoas em exercício da profissão que não têm competências viradas para o interesse público”. E lembrou que há institutos politécnicos que admitem alunos num curso de Engenharia sem nota mínima a Matemática. “Para quê? Para depois as escolas terem alunos e poderem subsistir financeiramente? Isto é subverter totalmente o sistema nacional de ensino”, considerou.

Até aqui, a entrada na profissão dependia, para os licenciados em muitas instituições de ensino superior, de um exame de admissão à Ordem dos Engenheiros. Em entrevista recente ao “Diário de Notícias”, o ministro do Ensino Superior, Mariano Gago, afirmou que “vai finalmente deixar de haver casos de cursos aprovados e que depois não são reconhecidos pelas associações profissionais“. São “inúmeros os cursos que estavam autorizados pelo ministério e que não eram reconhecidos pelas associações”.

A agência, em fase de criação, irá analisar os novos cursos e os que já existiam à luz de novos critérios.