“Um exemplar de experiência feminina, que, com cepticismo, fogo e poder visionário, sujeitou uma civilização dividida ao escrutínio”. Foi desta forma que o júri da Academia Sueca descreveu, esta quinta-feira, a escritora britânica Doris Lessing, distinguida com o Nobel da Literatura. Lessing completa 88 anos no dia 22 de Outubro.

Este foi o quarto prémio atribuido este ano. Medicina (Mario Capecchi e Oliver Smithies), Física (Albert Fert e Peter Grunberg) e Química (Gerhardt Ertl) foram os primeiros a serem entregues pela Academia. Falta conhecer os da Paz e da Economia.

Comunismo e ficção científica

Filha de um ex-oficial do exército britânico, Lessing nasceu em Kermanshah, na antiga Pérsia, a 22 de Outubro de 1919, mas vive na Grã-Bretanha desde 1949.

Lessing, ex-militante do Partido Comunista, começou a sua carreira literária a abordar essa corrente política. “A boa terrorista” e “Filhos da Violência” são dois dos exemplos dos primeiros trabalhos da escritora.

Mais tarde, entre 1982 e 1985, Lessing dedicou-se à ficção científica e criou, nas suas palavras, “um mundo novo para mim mesma”. “Shikasta” foi o primeiro livro da autor neste género e aborda a colonização de planetas em esferas muito além do mundo físico das naves espaciais.

Escreveu ainda obras autobiográficas, fruto da sua experiência em África. Nos seus livros, mostrou também preocupações socias – esteve no Paquistão e escreveu sobre os campos de refugiados afegãos, por exemplo.