O arranque do ano lectivo 2007-2008 foi diferente na Faculdade de Letras de Universidade do Porto (FLUP): o Processo de Bolonha passou da teoria à prática em todos os cursos da faculdade.

Problemas administrativos, principalmente nas inscrições dos alunos, e o encurtamento das licenciaturas são as principais dificuldades apontadas pelo director da FLUP, Jorge Alves. “Sendo um processo de transição, há sempre alguma perturbação”, diz, por e-mail, ao JPN. Os alunos também fazem algumas críticas às mudanças.

Jorge Alves evita destacar vantagens no novo sistema de ensino. “Diria alterações em vez de vantagens”, afirmou. “As alterações fundamentais são o encurtamento [das licenciaturas], o sistema de créditos e a flexibilidade daí resultante”.

A redução do tempo dos cursos é uma das principais mudanças do Processo de Bolonha. Cursos de quatro e cinco anos passaram a ter três anos. A licenciatura “não será o fim do caminho na formação superior, em termos de empregabilidade, apontando-se para a necessidade de frequentar os outros ciclos”, diz Jorge Alves.

Novo paradigma

“Bolonha introduz um paradigma de ensino diferente”, diz ao JPN a directora do curso de História da FLUP, Amélia Polónia. “A nível pedagógico, as dificuldades decorrem do inevitável processo de adaptação para alunos e professores”, explica.

Para Amélia Polónia, também directora do Departamento de História e de Estudos Políticos e Internacionais, “as alterações de substância são aquelas que se projectam no modelo dito de ensino e aprendizagem”.

Aos professores é necessário o “reforço do papel de orientador e formador de competências, em complemento do tradicional perfil docente”. Aos alunos pede-se uma maior participação nas aulas, com uma exigência de 75% de presença obrigatória nas aulas.

Diplomas reconhecidos na Europa e maior mobilidade

Assinada em 1999 por 29 países europeus, a Declaração de Bolonha tem como principal objectivo a promoção da mobilidade e da empregabilidade no Espaço Europeu. Aulas mais activas e alunos mais autónomos são outras consequências do Processo de Bolonha.

Com o objectivo de criar um Espaço de Ensino Superior Europeu até 2010, Bolonha vem sendo implementada gradualmente nas universidades europeias e hoje já são 45 os países que participam no Processo.