O projecto de cobertura da rua de Cedofeita, no Porto, motiva algumas reservas entre alguns comerciantes, moradores e ambientalistas.

Alguns lojistas levantam questões de segurança. Isaura Pereira diz que a cobertura pode dificultar o acesso dos bombeiros aos edifícios em situações de emergência. E acredita que “era melhor abrir o trânsito da rua do que pôr uma cobertura”, já que quando transformaram Cedofeita em rua pedonal só trouxe mais clientes “enquanto foi novidade”.

Fernando Rebelo não está certo de que será a construção a trazer mais clientela e afirma que o principal problema da zona são os parques de estacionamento, concessionados pela Câmara do Porto a empresas privadas. “É uma falha muito grande da câmara, que podia ter em seu poder os parques e levar mais barato. Quem é que vem à Baixa quando os centros comerciais têm parques gratuitos?”, acrescenta.

Bernardino Guimarães, membro da associação ambientalista Campo Aberto, considera que “a ideia de cobrir uma rua parece bizarra” e não compreende “de que maneira vai dinamizar” a zona. “Acaba por dar razão à ideia de que o comércio tradicional só tem futuro através da imitação da lógica dos centros comerciais”.

Na opinião do ambientalista, a reabilitação do comércio tradicional faz-se através da “melhoria do atendimento e da forma de apresentação [das lojas] – uma melhoria da qualidade”.

António Nogueira, comerciante, apoia o projecto porque acredita que vai “revitalizar a Baixa”, agora desertificada: “Já não mora ninguém no centro da cidade porque houve uma política de correr com as pessoas da cidade, tiraram a maior parte dos serviços e das faculdades do centro do Porto”. Quanto à estética da rua, António Nogueira diz que a cobertura até a vai favorecer, já que “assim não se vê a miséria dos prédios abandonados”.