“Não está sol!”. Foi assim que o mestre Júlio Resende recebeu ontem, terça-feira, o Presidente da República, Cavaco Silva, na Alfândega do Porto, no dia em que completou 90 anos de idade.

Na sessão solene de abertura da exposição antológica “Júlio Resende e a Pintura”, patente na Alfândega até 4 de Novembro (entrada gratuita), Cavaco Silva felicitou Resende “por 90 anos de vida inspirada e inspiradora”.

Para o Presidente, a exposição, com cerca de 200 trabalhos, é uma oportunidade única que a cidade, o Norte e os portugueses em geral têm para conhecer um percurso de vida e os 60 anos de criação deste “grande vulto da pintura contemporânea portuguesa”.

Júlio Resende iniciou o seu discurso afirmando que “as palavras ficam longe daquilo que são os sinais do coração”. “Tudo o que sei aprendi com o meu semelhante, desde o mais humilde ao mais sábio”, disse o pintor, para quem a “arte é sinal de vida que deve dignificar cada vez mais o Homem”.

Durante a visita, o Presidente da República ficou “impressionado” com a diversidade da obra do pintor, assumindo que desconhecia, por exemplo, a “fase de Goa” do portuense.

Ribeira Negra ausente da exposição

Júlio Resende ofereceu à Câmara do Porto, há mais de 20 anos, os originais do painel Ribeira Negra, em dedicatória às pessoas da Ribeira, agora guardados nos armazéns da autarquia. A vontade do pintor é que esse trabalho tenha exposição permanente. Rui Rio referiu ao “Diário de Notícias” que a obra tem 40 metros de comprimento e três de largura. Por isso, será exposta quando “houver um local”.

Apesar de na exposição não estar presente Ribeira Negra, Agostinho Cordeiro afirmou que alguns dos quadros nunca foram expostos. Duas das pinturas nunca vistas fazem parte da “fase da Ribeira Negra“.