Surgiu em 1963, com o objectivo de dispor livros mais baratos e que não estavam à venda noutros sítios. “Por razões várias: quer porque, ou as livrarias não estavam interessadas, ou porque vendiam pouco, ou tinham imagens comerciais mais reduzidas. Ou porque os livros eram considerados proibidos pela censura”, referiu ao JPN o presidente da direcção da Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto (UNICEPE), Rui Vaz Pinto.

“Na altura, a cooperativa era constituída por estudantes, que pensaram em esquemas de conseguir livros proibidos. Havia uma secção pequena, em que havia uma máquina de café que se chamava adega, onde constava sempre um desses livros escondidos. Punha-se um à mostra. A polícia aparecia aqui e, volta e meia, roubava os livros”, recorda.

A UNICEPE foi crescendo de 1963 até 1974, ano em que contava com mais de 3 mil associados. Factores como um bom relacionamento com editores de vários países e o preço mais barato dos livros ajudaram. Mas toda a euforia que a liberdade criou, em consequência do 25 de Abril, originou um período complicado para a UNICEPE. O objectivo de levar a cultura a todo o lado causou graves consequências: teve de recorrer ao crédito, o que originou dívidas e graves prejuízos, até hoje sentidos no interior da cooperativa.

Adesão barata

Para se associar à cooperativa, basta entrar com 15 euros e posteriormente passar a pagar sete euros e meio por ano. “Um preço muito pequeno, que serve somente para sabermos quais os associados mais activos”, justificou Rui Vaz Pinto.

Dificuldades

“Os resultados têm sido positivos, mas insuficientes. Continuamos com muitas potencialidades, mas também com muitas dificuldades. É preciso que a nova geração de estudantes adira”, apelou o presidente da direcção da UNICEPE.

Uma vez que as faculdades da Universidade do Porto começaram a ter livrarias próprias, tornou-se desnecessária a actividade da cooperativa neste sentido. “Restou-nos apenas o livro genérico: ficção, poesia. Temos praticamente tudo o que sai em Portugal. Não tendo, o associado requisita e nós mandamos vir”.

A UNICEPE organiza ainda tertúlias, jantares para estudantes e homenagens a escritores (uma vez por mês). A última foi esta quarta-feira, dedicada a Fernando Pessoa. Até ao final de Dezembro, no interior da corporativa, permanecerá uma exposição “Desenhos de Belver”, da autoria de SilenoJP (José Pacheco).