Portugal é o único país desenvolvido que consta no relatório anual da UNESCO “Educação para Todos” (EPT) com uma taxa de repetentes de 10% no primeiro e segundo ciclos.

De acordo com o documento, um em cada 10 alunos portugueses já repetiu ou está a repetir o ano de escolaridade dos dois primeiros ciclos. Uma taxa muito acima da verificada em países como Itália, Grécia, Finlândia ou Irlanda, onde a taxa não chega sequer a 1%. Com taxa de repetências inferior a Portugal estão países menos desenvolvidos como, por exemplo, o Paquistão (3,1%) ou o Bangladeche (7%).

O que é o EPT?

É uma publicação feita por uma equipa independente, que acompanha o progresso dos países no cumprimento dos objectivos do compromisso acordados em Dakar, em 2000:
– Expandir e melhorar atendimento e educação para a primeira infância
– Fornecer educação primária universal gratuita e obrigatória
– Fornecer acesso equitativo a programas de aprendizagem e de habilidades para a vida
– Conseguir melhorar em 50% as taxas de alfabetização na idade adulta
– Eliminar diferenças sexuais na educação primária e secundária e a todos os níveis até 2015
– Melhorar todos os aspectos na qualidade da educação

O documento avalia 129 países de acordo com parâmetros como o acesso ao primeiro ciclo, literacia na população adulta, qualidade da educação, entre outros.

O relatório EPT ordena os 129 países, dividindo-os em três grupos, conforme o Índice de Desenvolvimento (IDE). Quanto mais baixo o índice obtido, mais próximo o país está de conseguir cumprir os objectivos para a educação até 2015, assinados em Dakar, no Senegal, em 2000.

O índice é liderado pela Noruega com 0,995%, seguida pelo Reino Unido e Eslovénia. Os últimos lugares da lista pertencem à República Centro-Africana e Burundi, ambos com 30% de repetentes.

Ponto positivo e negativo

De acordo com dados do documento, referentes a 2005, o ponto positivo é que, em todo o mundo, o número de crianças a frequentar a instrução primária aumentou mais de 20 milhões (de 72 para 96 milhões de crianças).

O ponto negativo é o facto de alguns governos não gastarem o suficiente no que diz respeito à educação básica. Em alguns países, o custo ainda continua a limitar o acesso.

Os altos níveis de analfabetismo da classe adulta (principalmente nas mulheres) são outro dos pontos negativos do relatório que se impõem como obstáculos ao objectivo de fazer chegar a educação a todos até 2015.

“No caminho certo”

Apesar dos obstáculos, o director geral da UNESCO acredita que a organização está no bom caminho. “Estamos no caminho certo, mas quando os sistemas de educação se expandem, enfrentam desafios mais específicos e complexos”, diz Koichiro Matsuura, em comunicado de imprensa.

“O relatório mais recente do EPT identifica esses desafios claramente: atingindo os mais vulneráveis e desfavorecidos, melhorando as condições de aprendizagem e aumentando o auxílio”.