A historiadora Irene Flunser Pimentel, 57 anos, foi distinguida com o Prémio Pessoa 2007. É o segundo especialista em História, depois de José Mattoso, em 1987, a receber o galardão, no valor de 50 mil euros, atribuído pelo jornal “Expresso” e pela empresa Unisys.

“Irene Pimentel tem-se afirmado como uma das figuras mais notáveis da actual historiografia portuguesa”, afirma, em comunicado, o júri do prémio. A investigadora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (onde se doutorou este ano) tem-se destacado pelo seu trabalho sobre o Estado Novo e as suas estruturas, como a PIDE e a Mocidade Portuguesa.

Júri do Prémio Pessoa 2007

Francisco Pinto Balsemão (presidente), Luís Deveza, (vice-Presidente), Alexandre Pomar, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Eduardo Souto de Moura, João José Fraústo da Silva, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Mário Soares, Miguel Veiga e Rui Baião

Entre os trabalhos mais recentes de Pimentel estão “A História da PIDE” (2007), “A Mocidade Portuguesa Feminina” (2007), “Vítimas de Salazar” (em colaboração, 2007), “Os judeus em Portugal durante a 2ª Guerra Mundial” (2006) e “História das organizações femininas no Estado Novo” (2000).

O júri considera que a investigadora “tem estudado temas difíceis e polémicos. Os seus livros, que nunca negam a sua adesão à causa das liberdades e dos direitos humanos, revelam um notável esforço de rigor intelectual e de objectividade académica”.

Presidente elogia

O Presidente da República, Cavaco Silva, afirmou, em comunicado, que “a atribuição deste prémio vem reconhecer o importante contributo dado por Irene Pimentel para um melhor conhecimento da História Contemporânea de Portugal, designadamente do período do Estado Novo”.

“Através das suas investigações e da obra publicada, tem vindo a proporcionar uma nova dimensão à historiografia portuguesa”, acrescenta a nota.

“Há uma memória que deve ser preservada”

“A 40 anos de distância, já há condições para haver distanciamento relativamente aos factos e às pessoas, de forma a que o estudo da história recente não se transforme num ajuste de contas”, disse Irene Pimentel ao “Expresso”. “Há uma memória que deve ser preservada”, frisou.

Actualmente, trabalha num projecto de investigação sobre os tribunais no período do Estado Novo.

O Prémio Pessoa distingue anualmente, desde 1987, um português com intervenção relevante na vida científica, artística ou literária do país. Nas últimas edições foi atribuído a personalidades como o escritor Mário Cláudio, o constitucionalista Gomes Canotilho, o actor e encenador Luis Miguel Cintra (2005) e o fundador da empresa YDreams, António Câmara.