O ponto mais polémico da proposta é o seu custo: 1500 milhões de euros. O director do Gabinete de Planeamento e Controlo de Gestão da Metro disse que é possível chegar a mais gente com menos quilómetros construídos e menos dinheiro gasto.

Essa intervenção referia-se apenas à zona central da cidade [do Porto]. Percebe-se pela posição em que ele está – é um quadro da metro do porto – que se preocupa estritamente com o sistema de transportes. A nossa preocupação é que este sistema é um meio para um fim que é a AMP. Se abdicarmos desta dimensão da estruturação da AMP, fazemos um exercício estritamente económico e reduzimos ao máximo as áreas que geram maiores deslocações, o que nos leva a concentrar no centro.

É curioso como, mesmo naquela zona central, a solução proposta não se afasta da nossa. Ninguém diz que a nossa proposta terá que ser feita no imediato. Já temos uma estrutura que pode perfeitamente aguentar um faseamento das diversas intervenções. Isso já é uma questão claramente política, que tem muito a ver com as condições de financiamento.

Mas o custo da expansão que propõem é o triplo daquela já acordada com o Governo…

Uma coisa não tem a ver com a outra. Uma coisa é o que está assumido, outra é este exercício que nos foi pedido: pensar a expansão do metro. Não está na nossa mente, nem é necessário para a coerência global do sistema, que todas estas linhas avancem na mesma altura. Isto será certamente um processo faseado.

Durante quanto tempo os pressupostos que orientaram a proposta manter-se-ão válidos?

O horizonte temporal deste estudo é de 10 a 20 anos. O cenário é de quase estagnação populacional, até tem tendência para diminuição.

Supondo que a vossa proposta é aceite, que linhas deviam avançar desde já?

Uma das linhas que vai ter certamente sucesso é a linha circular [subterrânea]. Alimenta e é alimentada por todas as outras. Tem um efeito de rede quando implantada sobre uma rede inicial que é linearizada e radial. Não só vai buscar novas zonas em que há grandes concentrações de emprego e pessoas, como vai melhorar o funcionamento da rede actual. Tem esta dupla função. Quando começámos a fase da concepção, foi uma das linhas que nos surgiu de forma quase que evidente.

Disse que ficaria surpreendido se surgisse uma solução diametralmente oposta a esta. A Metro acolheu bem?

Sim. Tivemos oportunidade de apresentar mais do que uma vez este estudo, quer à administração da Metro, quer à Junta Metropolitana, e vimos que foi bem acolhido. Se não o fosse, não seria tornado público. Recebemos uma série de elogios ao trabalho.

O seu colega do Instituto Superior Técnico, Nunes da Silva, disse que a proposta é muito detalhada…

Compreendo essa opinião, porque o meu colega está ligado a uns projectos que não correram muito bem. Ficaria mais preocupado se nos acusassem do contrário. Se queremos um debate claro temos que pôr as coisas na mesa. Não faz sentido fazer um debate sobre princípios. A conferência mostrou claramente que ao nível dos grandes princípios de concepção estão todos de acordo.