Em que diferem estas suas propostas relativamente à primeira fase do metro?

Há uma diferença significativa do modo de pensar. Numa fase inicial, havia muita gente que entendia que o metro não tinha viabilidade. Os resultados estão aí, é um projecto de sucesso. Basta imaginar o que aconteceria se, por magia, as milhares de pessoas que utilizam diariamente o metro deixassem de o poder fazer. Seria o caos.

Há propostas que servem a cidade do Porto. Outras beneficiam a periferia, que, entretanto, ganhou peso populacional.

Não é por acaso que se justifica uma segunda linha em Gaia. Trata-se do concelho mais populoso, mesmo que a parte sul não tenha o nível de concentração populacional que justifique o metro. Há uma zona central em que plenamente se justifica uma segunda linha.

O mesmo se passa também para Norte, entre Matosinhos e Maia. Faz todo o sentido criar ali um nó que vai melhorar significativamente o serviço à Maia e a Matosinhos e ligar melhor à Asprela.

Há algumas opções que foram criticadas. O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte estranhou a não inclusão da hipótese de tornar subterrâneo o metro na Avenida da Boavista.

Tecnicamente é obviamente possivel: se há território fácil para trabalhar é o canal da Boavista. O que nos parece importante é que a linha da Boavista tenha metro. Pessoalmente, vejo toda a vantagem em que ele ande a superfície. Mas é uma opção política.

No passado, os sistemas deste tipo eram maioritariamente enterrados. Actualmente, só são enterrados quando é estritamente necessário. Considera-se que o serviço de transporte público é uma forma de animar o espaço público, de o tornar mais seguro e atractivo. Essa é a minha posição, mas não faz muito sentido fazer disto um grande cavalo de batalha.

Fazer o metro atravessar a Ponte da Arrábida é uma hipótese forte ou é menos provável que as outras do estudo?

É uma questão como a linha que liga Matosinhos ao Porto. Reunimos evidências suficientes para mostrar que faz sentido haver uma segunda linha em Gaia, quer por questões de procura esperada, quer pela necessidade da própria estruturação da cidade – e o metro é um enorme factor de qualificação e de aumento da urbanidade.

Será possível dispensar a construção de uma nova ponte se houver uma articulação de políticas. Tem de haver uma articulação de interesses para que todo o tráfego pesado passe a circular pela futura Circular Externa Regional do Grande Porto.