O canadiano Nelson Fernandes está em Portugal há seis anos e integra o Porto Renegades há cerca de dois anos e meio.

Estudante de Línguas e Literatura Moderna e professor de inglês no Wall Street de Gaia, o jovem de 23 anos, apaixonado pelo futebol americano, é um dos Renegades que, a partir de Fevereiro, vão disputar a 5ª edição do campeonato espanhol de futebol americano da segunda divisão.

Como soube da existência dos Porto Renegades?

Foi curioso. Estava a passar no Campo Alegre e vi três rapazes com uma bola de futebol americano e perguntei onde arranjaram a bola e se havia equipa. Informaram-me que os treinos eram aos sábados e decidi aparecer.

Qual o balanço que faz deste tempo como Renegade?

As coisas têm melhorado muito, temos evoluído bastante. Agora, somos uma equipa, ao contrário de há dois anos em que éramos só um grupo de jovens a jogar futebol americano. Levamos isto a sério, somos muito mais organizados. O espírito de equipa está lá.

Como tem sido a afluência do público?

Estamos a começar a ter muito mais popularidade. Com a publicidade, temos ganho outra dimensão e temos constatado que muito mais gente tem aparecido nos treinos.

Por que é que a modalidade não tinha tantos adeptos?

Era pouco divulgada. As pessoas nem sabiam da existência de uma equipa de futebol americano aqui. Não é fácil iniciar uma equipa do nada.

Uma das frases bastante comuns entre os jogadores dos Porto Renegades é “Be Hard”. Vocês têm também que ser duros a nível psicológico?

Claro, o futebol americano é um desporto muito exigente. A nível físico e psicológico, é preciso ter muita vontade e determinação. Não é só ser grande e rápido, isso não chega. Muitos jogadores aparecem nos treinos, mas não são fortes psicologicamente e acabam por desistir.

Como consegue conciliar as aulas, o emprego e os treinos de futebol americano?

Às vezes é difícil conciliar tudo, mas consegue-se, gerindo bem o tempo. Há tempo para estudar, trabalhar, treinar, até para dormir.

Acredita que o que aconteceu com o râguebi em Portugal pode acontecer com o futebol americano?

Sim. Se continuarmos a dedicar o tempo e o esforço que estamos a dedicar aos Porto Renegades, a equipa vai evoluir e o desporto vai começar a ser divulgado e a ter outra dimensão cá. Neste momento, já existem três outras equipas: duas em Lisboa e uma no Algarve.

O que espera do campeonato espanhol?

Vai ser complicado. O nosso objectivo é ficar em terceiro, mas vai ser muito difícil. Vamos ter que trabalhar bastante, temos que ser sérios, mas creio que vai correr bem e penso que vai ser um bom passo para o futebol americano aqui em Portugal.