“Como reis ou como deuses, Porto Renegades”. É este o slogan que os jogadores da primeira equipa portuguesa de futebol americano gritam no início de cada treino, sempre aos sábados, no Parque da Cidade.

A equipa portuense e os Parque das Nações Navigators, formados recentemente, vão participar na 5ª edição do campeonato espanhol de futebol americano da segunda divisão, a LNFA2 – um objectivo perseguido desde a formação dos Porto Renegades, há dois anos e meio. As equipas vão jogar em Espanha, já que ainda só existem quatro clubes a praticar a modalidade em Portugal.

Para os Navigators, os jogos começam já este sábado, dia 12. A 3 de Fevereiro, é a vez dos Renegades entrarem em campo. Nelson Fernandes, jogador dos Renegades, traça o objectivo: ficar, pelo menos, em terceiro.

Ideia de um estudante

O futebol americano chegou a Portugal pelas mãos de Daniel Corrêa, estudante de Arquitectura na Universidade do Porto. Corrêa contactou pela primeira vez com a modalidade na Alemanha onde fez Erasmus durante um ano.

A origem do nome

O presidente do clube explica que a designação “Porto Renegades” nasceu da vontade da equipa em ter um nome forte e que fizesse referência à região norte, tal como acontece nos EUA.

Rendido ao “novo” desporto (isto para os europeus, uma vez que o football é um dos desportos mais populares dos EUA), Daniel Corrêa, já em Portugal, reuniu esforços e criou a primeira equipa de futebol americano em Fevereiro de 2005. É agora presidente e também jogador nos Porto Renegades.

As duas primeiras horas de treino são dedicadas à dureza dos exercícios ditados pelo treinador norte-americano Alberto Albertini. O seu lema é “Be Hard”: os jogadores de futebol americano têm que ser duros fisicamente, mas também a nível psicológico, explica o treinador da equipa. “Os jogadores têm que estar bem preparados a nível psicológico e aceitar essa pressão. Senão não podem jogar futebol americano”, diz Albertini.

Os 25 jogadores têm de pôr em prática toda a força, garra e dedicação em cada treino ou jogo. Têm como objectivo o domínio da bola e marcar um touchdown (o lance que vale mais pontos – seis).

Equipa em evolução

Miguel Caratão, o número 35 do Porto Renegades, é dos elementos mais recentes da equipa. Com apenas quatro meses de futebol americano, grita o slogan “Like Kings, Like Gods” com o mesmo entusiasmo de quem está desde o início. Miguel integrou a equipa de futebol americano por intermédio de um amigo. “Vim, experimentei e gostei”, conta o jogador.

O veterano número 53, Bruno Lopes, está na equipa desde o início. Confessa que o que mais o atraiu nesta modalidade é o facto de ser um desporto que envolve muito contacto físico. Bruno Lopes faz um balanço positivo os dois anos de existência do Porto Renegades: “Apesar das dificuldades, já estamos a conseguir ficar estabelecidos, porque já temos jogadores certos o que permite evoluir muito mais a equipa”.

Faltam apoios

Neste momento, o Porto Renegades tem o patrocínio de uma marca de cervejas, mas o presidente da equipa queixa-se da falta de apoios. “Precisamos de mais jogadores. Há poucos apoios, principalmente das entidades competentes, como a câmara, universidade e Governo”, lamenta.

“Cada jogador compra o seu equipamento, as deslocações a Espanha… Mesmo quando vêm cá árbitros, somos nós que pagamos, sai tudo do nosso bolso. No entanto, neste momento temos um patrocínio, um apoio fundamental que nos permitiu entrar no campeonato espanhol”, diz.

A médio e longo prazo, a direcção dos Porto Renegades quer “fortalecer a equipa e implementar a modalidade a nível nacional, bem como fazer uma boa prestação no campeonato espanhol”.