Arranca em Março, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), um curso de pós-graduação sobre gestão de fraude, o primeiro do género a surgir na Europa.

O curso dirige-se a formar especialistas em prevenir e combater a fraude: profissionais ligados à auditoria, inspecção e fiscalização, responsáveis pelas funções de supervisão e controlo das actividades de intermediação financeira, em instituições bancárias ou seguradoras, e também empresários.

As candidaturas às 30 vagas disponíveis abriram esta sexta-feira e terminam a 15 de Fevereiro. Com a duração de 270 horas (às sextas à tarde e sábados de manhã), o curso junta conhecimentos de várias áreas, como a gestão, a psicologia, o direito, o cibercrime e as ciências forenses.

A formação surge numa altura em que “há uma preocupação crescente” a nível europeu com a prevenção da fraude, diz Carlos Pimenta, membro da direcção do curso.

Carlos Pimenta estima que “dentro de cinco anos” Bruxelas crie uma legislação mais apertada, como a que os Estados Unidos criaram em 2002 (lei Sarbanes-Oxley). “Vai exigir pessoas especializadas. Vai implicar mais custos, mas será uma salvaguarda para as próprias empresas”, prevê.

O curso tem também como missão preparar profissionais para a certificação da Association of Certified Fraud Examiners (ACFE), a única entidade que certifica especialistas nesta área, com sede nos EUA. Em Portugal só há um profissional certificado pela ACFE.

O peso da fraude na economia é uma incógnita em Portugal devido à falta de estudos, mas, segundo Carlos Pimenta, estima-se que a chamada “economia sombra” (para a qual a fraude é apenas uma contribuinte) represente cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.