A Câmara do Porto (CMP) vai voltar a reunir em breve com o grupo de técnicos associado à Junta de Freguesia de Nevogilde que contesta o plano para a Avenida Nun’Álvares.

O grupo entregou a 20 de Dezembro um documento com um conjunto de propostas para a via e zona envolvente e espera que a autarquia marque uma nova reunião.

O vereador do Urbanismo garante que o trabalho em conjunto é para continuar. O objectivo é chegar a uma solução definitiva no primeiro trimestre. “Está tudo em aberto. Estamos a trabalhar”, disse Lino Ferreira ao JPN.

Sem revelar que pontos do projecto apresentam maiores probabilidades de sofrer alterações, o vereador admitiu que poderão surgir alterações significativas na tipologia das construções na envolvente da avenida e no perfil da própria via (no projecto original tem seis faixas de rodagem).

“A discussão pública já terminou [a 31 de Dezembro]. Agora estamos a trabalhar sobre as propostas que apareceram”, acrescentou. Depois da conclusão da nova solução, a CMP vai lançar novo período de discussão pública, mas apenas relativa aos loteamentos e não a todo o projecto, como defende o arquitecto Alexandre Burmester, membro da comissão de acompanhamento da Junta de Nevogilde, também contactado pelo JPN.

Receio de acções na justiça

A autarquia quer evitar que surjam providências cautelares por parte dos proprietários durante o processo de expropriações. Nesse sentido, o desenho final deverá ter em conta as reclamações já feitas pelos donos de terrenos naquela zona.

“É claro que podem acontecer [acções judiciais]”, afirma Alexandre Burmester. “Há muita gente que tem direitos adquiridos e que está a ser roubada. Muitos têm terrenos cortados por razão nenhuma. Os advogados são os primeiros a dizer que há aqui muita matéria para impugnar [o projecto]”. “Aguardaremos até ao resultado final. O meu discurso é de algum optimismo”, nota.

Criar “centralidades”

Entre as críticas ao projecto, estão a quantidade de zonas verdes, a necessidade de garantir áreas de fronteira entre as zonas de habitação unifamiliar e novas edificações e um “conceito de cidade errado”. “Falta um desenho à escala de cidade e não inserir ali uma avenida tipo Manhatta”, diz Burmester.

O grupo de técnicos sugere a “criação de alguns núcleos e centralidades” para evitar que exista uma zona em que “não acontece rigorosamente nada, a não ser passarem carros”.

Um ponto em que Lino Ferreira não cede é o lançamento de um concurso de ideias. Já para Alexandre Burmester esse seria o melhor caminho. “Não acredito que se faça cidade sem a participação das pessoas”, frisa.