Portugal e Espanha estão a trabalhar cada vez mais em conjunto para se afirmarem mundialmente em termos científicos, garantiu o ministro da Ciência e Ensino Superior, Mariano Gago, esta quarta-feira, durante o protocolo de lançamento da primeira pós-graduação ibérica, no domínio da nanomedicina.

O curso de pós-graduação (mestrado e doutoramento), que vai ser leccionado em inglês, funcionará em três escolas de Portugal (universidades do Porto, Aveiro e Minho) e outras tantas da Galiza (universidades de Santiago Compostela, Vigo e Corunha), às quais se ligaram vários laboratórios associados destas e de outras instituições dos dois países. Ao todo, 18 instituições portuguesas de investigação e desenvolvimento tecnológico já se aliaram ao programa. Este ano, podem ser abertas 20 vagas.

Dos nanomateriais às nanoterapias

O curso vai centrar-se em temas como os nanomateriais, regeneração de tecidos, administração de medicamentos e as nanoterapias. As nanotecnologias permitem manipular materiais à escala do nanómetro, algo cerca de 100 mil vezes mais pequeno do que a espessura de um cabelo.

“Pela primeira vez temos universidades de Portugal e Espanha a trabalharem em formação avançada em conjunto. Professores e estudantes vão trabalhar independentemente da sua instituição de origem. É um caminho que pretendemos prosseguir com Espanha”, afirmou o ministro aos jornalistas no final da cerimónia, no Círculo Universitário do Porto.

Segundo Gago, os governos português e espanhol, em conjunto com as universidades, estão a trabalhar para replicar a parceria noutra áreas. Exemplificou com um projecto semelhante, ainda em desenvolvimento, voltado para os recursos materiais no mar.

Área de futuro

Os vários intervenientes na sessão vincaram a necessidade do curso arrancar o mais cedo possível, se possível ainda este ano. “Não podemos esperar mais. Hoje em dia a competição à escala mundial é uma realidade que temos de enfrentar. Há uns anos, realidades novas não entravam nos programas de formação. Esse tempo acabou”, afirmou.

Outro facto dá importância à pós-graduação: a nanomedicina “pode vir a revolucionar a medicina” e será “um dos domínios onde a procura social e económica será maior”, vaticinou o ministro.
Para esta aposta, “era essencial pôr em conjunto as capacidades de Portugal e Galiza: recursos físicos, laboratórios e, sobretudo, competências”.

Afirmar a Península Ibérica

Reitores e ministro acreditam que a Península Ibérica pode ser um actor fundamental na afirmação da Europa em termos globais nesta área. A Europa tem mais publicações científicas sobre nanotecnologias que os Estados Unidos, mas tal não se reflecte em número de patentes – menos de metade do que as registadas no outro lado do Atlântico.

Esta sexta-feira, em Braga, na Cimeira Ibérica, será lançada a primeira pedra do Instituto Ibérico de Nanotecnologias (INL), que vai começar a recrutar, este ano, 200 investigadores de Portugal e Espanha. Em 2009, poderá estar já a funcionar, disse Gago.