Mina Bissell, uma das maiores especialistas na investigação do cancro da mama, esteve esta segunda-feira no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), no Porto, para falar do seu trabalho aos alunos que integram a edição 2008 do GABBA – Programa Graduado em Áreas da Biologia Básica e Aplicada.

Programa em várias instituições

O GABBA tem como principal objectivo formar investigadores para aumentar a qualidade da produção científica. O programa é assegurado pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, pelas faculdade de Ciências e Medicina, em colaboração com o Instituto de Biologia Molecular e Celular e do IPATIMUP.

No lançamento do programa doutoral, perante uma sala cheia, Mina Bissell defendeu que, “infelizmente”, a idade é o principal factor de risco do cancro. O cancro teria cura se fosse possível “curar a idade”, sintetizou.

As investigações da especialista centram-se na matriz extra-celular, ou seja, no micro-ambiente que rodeia as células. Todas as células do nosso corpo partilham o mesmo genótipo, mas recriam-se em órgãos tão diferentes e específicos como o olho e a mão. É da comunicação entre o meio extra-celular e a célula que depende a sua diferenciação.

Segundo a investigadora, a conversão de células normais em células tumorais resulta de um processo que envolve não só o genótipo, mas também e principalmente o fenótipo.

Factores de risco

Referida como possível candidata ao Prémio Nobel da Medicina, Mina Bissell considera que o principal problema na descoberta de cura para o cancro reside na dificuldade em descobrir e perceber como se desenvolvem as diferentes variantes da doença. Muitos cancros “reinventam-se constantemente”, afirmou.

Na base da sua investigação está a crença de que a função depende da forma, ou seja, há razões para que cada órgão tenha uma arquitectura e aspecto diferentes.

A história e as experiências de cada um fazem com que tenham predisposições muito diferentes para um determinado tipo de doenças, como o cancro. As mutações são outra das causas. A exposição ao sol e a própria respiração, exemplificou, são factores que acarretam o risco de mutações que, posteriomente, podem provocar cancro.

O simpósio contou ainda com a participação de outros especialistas na área do cancro, como Carlos Cordon Cardo, David Lyden, Erik Sahai, Fernando Schmitt e Sérgio Dias.