Em 2006, morreram 9,7 milhões de crianças menores de cinco anos, menos 50% face a 1960. A maior parte das mortes ocorrem na África Subsariana e no Sul da Ásia. Para cumprir o quarto Objectivo do Milénio (ODM4) – reduzir a mortalidade infantil para dois terços entre 1990 e 2015 – é necessário reduzir para metade os valores de 2006, afirma a UNICEF no relatório “A Situação Mundial da Infância 2008: A Sobrevivência Infantil”, lançado esta terça-feira, em Genebra.

Mais de 26 mil crianças morrem, em média, todos os dias. De acordo com a UNICEF, os principais motivos da mortalidade infantil são causas neo-natais (36%), pneumonia (19%), diarreia (17%), malária (8%), sarampo (4%) e sida (3%).

Os países em desenvolvimento com as taxas mais elevadas de mortalidade infantil são a Serra Leoa, Angola e Afeganistão. Apenas três países da África Subsariana (Cabo Verde, Eritreia e Seychelles) estão a caminho de comprir o ODM4. Verificou-se mesmo um aumento na proporção da mortalidade infantil nesta zona de África, onde ocorrem 49% das mortes de crianças com menos de cinco anos.

Apesar de o Objectivo do Milénio estar ainda distante, nota-se uma evolução desde 1990: 61 países, entre os quais está Timor-Leste, reduziram a mortalidade infantil para 50% ou menos.

“Reforçar o investimento nos sistemas nacionais de saúde”

A UNICEF defende que é necessário investir em medidas de combate a doenças específicas e na melhoria dos sistemas nacionais de saúde e na sua mobilização, para chegar aos sectores mais isolados da população.

“Reforçar o investimento nos sistemas nacionais de saúde será crucial, (…) mas é possível progredir mesmo quando os sistemas de saúde são precários”, explica Margaret Chan, directora-geral da Organização Mundial de Saúde, em comunicado.

Medidas simples como a vacinação, a utilização de redes mosquiteiras com insecticida e a sensibilização para o aleitamento materno exclusivo “têm ajudado a reduzir o número de mortes de crianças nos últimos anos”, afirma Ann M. Veneman, directora executiva da UNICEF.

Guerras e analfabetismo

A instabilidade política e a falta de formação são outras das causas apontadas pela UNICEF para a mortalidade infantil: quase um quarto da população mundial menor de 15 anos é analfabeta (com maior incidência nas mulheres) e mais de 40 países estão a lidar com conflitos armados.

O relatório incide também sobre a mortalidade materna, revelando que mais de 500 mil mães morrem todos os anos devido a complicações na gravidez ou no parto, o que se deve a factores como a falta de condições sanitárias (apenas 27% das mães dão à luz em instalações de saúde).