As primeiras sondagens dão vitória aos opositores do actual presidente do Paquistão, Pervez Musharraf. Ainda sem a contagem completa dos votos, estima-se que Musharraf, apoiado pela Liga Muçulmana do Paquistão Qaid-e-Azam (PML-Q), fique em terceiro lugar. O partido no poder já reconheceu a derrota.

Segundo o canal GeoTV, o Partido do Povo Paquistanês (PPP), da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, terá conseguido 33% dos 268 lugares na Assembleia Nacional, seguido do partido de Nawaz Sharif, primeiro-ministro do Paquistão por duas vezes, com 27%.

Por seu lado, a comissão eleitoral lançou uma estimativa ainda incompleta, com apenas 124 lugares contados, colocando o partido de Sharif, PML-N, em primeiro lugar com 30% dos votos e o PPP em segundo como 27%. No entanto, os resultados finais só são esperados esta terça-feira à noite.

Sharif passou sete anos exilado na Arábia Saudita, depois de ter sido acusado de corrupção e afastado do poder por um golpe de Estado organizado por Musharraf. O antigo primeiro-ministro já havia tentado regressar ao país, mas só agora recebeu autorização para o fazer, a fim de poder concorrer nas legislativas.

O actual líder do Paquistão, aliado dos Estados Unidos da América, mostrou-se receptivo a cooperar com o vencedor, em prol da democracia no país, segundo informa a Reuters. Uma situação pouco provável dada a animosidade entre Musharraf e os seus opositores. Sharif já demonstrou a intenção de reinstaurar os juízes do Supremo Tribunal, a fim de rever a constitucionalidade da reeleição de Musharraf, em Outubro do ano passado.

Mais de vinte mortos em confrontos

As eleições decorreram com relativa calma, depois de terem sido adiadas devido ao atentado que vitimou Benazir Bhutto, a 27 de Dezembro. Contudo, registaram-se vários conflitos. Em Punjab, maior província paquistanesa, contaram-se mais de 20 mortos e dezenas de feridos, desde domingo à noite.

O clima de violência afastou muitos eleitores das urnas, apesar do forte reforço militar. Ainda assim, 35% da população de Rawalpindi, região onde Bhutto sofreu o atentado, compareceu às urnas.