O primeiro-ministro, José Sócrates, reafirmou, segunda-feira, em entrevista à SIC e ao jornal “Expresso”, a meta de criar 150 mil postos de trabalho, até final do seu mandato, conforme havia prometido durante a campanha eleitoral, em 2005. Economia, saúde, educação e política geral foram os temas acordados entre Sócrates e os órgãos de informação para a entrevista que assinalou três anos de governação socialista.

“Pela primeira vez temos dois sinais importantes: a economia está a criar emprego e a taxa de desemprego deu sinais de ceder, de reduzir”, afirmou. A necessidade de controlar a crise em que o país se encontra é apontada como a principal causa do crescimento económico ficar aquém de 2,5%. “Temos hoje as contas públicas em ordem. Temos também um crescimento económico que, se não houvesse défice, seria de 2,5%”.

Relativamente à máquina fiscal, Sócrates admitiu que tem falhas, mas que tem tido o mérito de exercer um maior controlo no pagamento dos impostos. “Para que todos paguem menos, têm que ser mais a pagar”, afirmou.

Recandidatura ainda em aberto

Quando confrontado com a recandidatura ao cargo de primeiro-ministro, Sócrates preferiu realçar que está concentrado no sucesso do actual mandato e que não pensa sequer nisso, relegando para o congresso do PS a decisão do quem será o melhor candidato socialista.

No que se refere à educação, a avaliação prevista no estatuto da carreira docente foi o enfoque principal. O primeiro-ministro considerou a “avaliação fundamental para premiar o bom desempenho”. A implementação de cursos profissionalizantes foi encarada por Sócrates como uma das melhores medidas deste Governo. “O mais importante que fizemos na escola foi aumentar o número de cursos profissionalizantes. Esse aumento chega hoje aos 35%, mas nós queremos chegar aos 50% como todos os países desenvolvidos”, afirmou.

Elogios a Correia de Campos

A saúde foi outros dos pontos em análise, com Sócrates a elogiar o ex-ministro Correia de Campos pelo seu rigor. A saída do ministro foi consequência da necessidade de reforçar a confiança dos portugueses no Sistema Nacional de Saúde, afirmou Sócrates. Mesmo com as recentes polémicas em torno do encerramento de várias unidades de saúde, o primeiro-ministro vai apostar na continuidade da politica até agora efectuada.

Nesta área, os objectivos do Governo são reformar os cuidados continuados integrados e os serviços hospitalares e manter o rigor na administração. “A nossa prioridade é melhorar as respostas alternativas. O que vamos fazer é reforçar essas respostas”, afirmou.

Entrevista “não surpreendeu”, diz André Freire

Ao longo do dia foram tecidas duras críticas pelos vários quadrantes da oposição à entrevista do primeiro-ministro. Do lado dos colunistas, Vasco Pulido Valente, escrevendo no jornal “Público”, classificou-a como “uma sessão de propaganda”, na qual “a SIC e Sócrates trataram o país como um comício do PS”.

Por seu lado, o politólogo André Freire, professor no ISCTE (Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa), explicou ao JPN que a entrevista “não abrangeu todas as áreas” e que Sócrates “falou o melhor possível, mitigando as medidas mais complicadas”. Freire acrescentou que “não houve surpresa nem problema nenhum” no discurso do primeiro-ministro, já que este “usou a estratégia que costuma usar”.