Juno (Ellen Page) é uma rapariga de 16 anos que não sabe muito bem quem é – algo comum para a idade -, a quem uma gravidez inesperada (e indesejada) vem trazer acontecimentos para além da sua maturidade. “Juno”, um dos melhores filmes do ano passado, estreia esta quinta-feira em Portugal.

É uma película que gira completamente em torno da personagem que lhe dá nome, numa prestação que valeu à canadiana Ellen Page a nomeação para o Óscar de melhor actriz (“Juno” foi também nomeado nas categorias de melhor filme, argumento original e realização).

O filme, realizado por Jason Reitman, consegue atingir um balanço difícil entre a comédia e o drama natural da situação retratada, o que faz com que, não sendo nenhuma obra-prima, seja uma excelente composição criada de modo a, tal como uma gravidez, crescer até chegar ao clímax.

O pai do bebé, Paulie Bleeker (protagonizado por Michael Cera, possivelmente o maior prodígio da comédia norte-americana actual), tem um papel menor, mas que é relevante exactamente por essa ausência ao longo de grande parte do filme. No momento em que Bleeker volta não é para assumir responsabilidades próprias de um pai – quem o pode fazer aos 16 anos? -, mas para estar ao lado da sua namorada.

“Juno” é mais do que uma comédia sobre uma jovem a passar por um mau bocado, é sobre uma entrada na vida adulta à força. Apesar de Juno tentar estar sempre mais além da adolescente tradicional, nunca deixa de ser, de facto, uma adolescente. O fim do filme, contudo, já depois do parto, indica uma mudança e aponta para uma serenidade que transcende a agitação teenager.

Surpresas

O filme tem algumas surpresas interessantes, como a presença de Jason Bateman (que desempenhava o papel de pai de Michael Cera na série “Arrested Development”) enquanto fã de Melvins e H.G. Lewis. Bateman e Cera não aparecem em nenhuma cena do filme juntos, mas, curiosamente, surgem a falar em pequenos excertos colocados no site do filme.

O argumento tem várias referências a uma cultura pop que poucas vezes aparece no cinema mais mainstream. Desde “This is Spinal Tap” a Sonic Youth, passando por Dario Argento, são vários os nomes mencionados ao longo do filme para regozijo dos aficionados. Chamada de atenção, também, para a banda sonora. Tendo o seu ponto alto na música final dos Moldy Peaches, conta com canções de Belle and Sebastian, Cat Power e Kinks, entre outros.