A quantidade de heroína e cocaína apreendida em Portugal em 2007 teve um decréscimo relativamente ao ano anterior, de acordo com o Relatório Anual de Combate ao Tráfico de Estupefacientes de 2007 da Polícia Judiciária (PJ). A quantidade apreendida de heroína teve uma redução considerável de 57,40% e a de cocaína teve uma diminuição bastante significativa de 78,65%. Em contrapartida, constata-se que a quantidade de haxixe apreendida teve um aumento muito acentuado de 416,55%.

João Figueira, inspector-chefe da PJ e porta-voz da Direcção Central de Tráfico de Estupefacientes (DCITE) afirmou ao JPN que a heroína vem do interior da Europa e destina-se ao consumo interno. A cocaína e haxixe provêm do exterior do espaço europeu (América Latina e Marrocos, respectivamente) e utilizam Portugal como ponto de entrada na União Europeia.

O inspector acrescenta que só uma pequena parte da cocaína e haxixe acabam por ficar no mercado português pois o mercado não tem capacidade para consumir as toneladas de droga que entram. Assim, a droga que entra em Portugal, geralmente por mar, é depois transportada para o interior da Europa para países como França, Espanha e Holanda.

João Figueira afirma que, apesar dos esforços policiais, há sempre uma parte de droga que não chega a ser apreendida devido à constante mudança de rotas pelas organizações criminosas que fazem o tráfico. No entanto, apesar da constante mudança de rotas, João Figueira declara que a actuação da PJ se mantém regular.

A quantidade de haxixe apreendida aumentou relativamente a 2006 porque as agências criminosas voltaram a apostar na costa portuguesa e foram apreendidas cerca de 45 toneladas de haxixe, “que é a maior quantidade de haxixe alguma vez apreendida”, afirma o inspector.

Judiciária destaca trabalho da PSP

O relatório foi elaborado pelas forças policiais: Polícia Judiciária (PJ), Guarda Nacional Republicana (GNR), Polícia de Segurança Pública (PSP), Direcção Geral das Alfandegas e Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC), Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Polícia Marítima (PM) e Direcção Geral dos Serviços Prisionais (DGSP). Destas forças policiais o inspector João Figueira destaca a actuação da PSP.

As organizações criminosas que trabalham com o haxixe e a cocaína são organizações completamente diferentes, segundo o inspector. As organizações que trabalham com o haxixe são de Marrocos e as que trabalham com a cocaína são americanas ou ligadas à Colômbia.

Portugal diminuiu o seu papel no narcotráfico. O país diminuiu o consumo de haxixe uma vez que houve um aumento de apreensões da droga. Por sua vez, as organizações criminosas que traficavam haxixe poderão de alguma forma ter mudado as rotas porque “a porta de Portugal está fechada”, explica João Figueira.