O que é a SEDES?

É uma associação cívica portuguesa formada em 1970. Os fundadores eram oriundos de diferentes formações académicas, estratos sociais, actividades profissionais e opções políticas. Pretende reflectir sobre os problemas políticos e desequilíbrios sociais.

“Sente-se hoje na sociedade portuguesa um mal-estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional”. É assim que começa o documento divulgado e dirigido ao país pela associação cívica SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social). O texto pretende ser uma reflexão sobre o momento que Portugal vive.

A tomada de reflexão aponta as causas que contribuem para a “degradação da qualidade de vida cívica”: a desconfiança no sistema político, a crise nos valores, na comunicação social e na justiça, e a criminalidade, insegurança e exageros cometidos pelo Estado.

Renovação dos partidos

“Os políticos são a classe em que os Portugueses menos confiam”. É o primeiro alerta do documento, que aponta como sendo uma consequência da “emergência de derivas populistas, caciquistas, personalistas” que prejudicam a democracia representativa.

“A qualidade dos partidos é a qualidade da nossa democracia”, que “está a atravessar um período crítico”, sustenta a associação. “Os partidos necessitam de uma renovação em termos de pessoas e ideias” – “todos os partidos, os que estão no poder e os partidos que estão na oposição”, esclarece.

Campos e Cunha: “O Estado é mais asfixiante em certos aspectos do que há 30 anos atrás”

A SEDES apresenta propostas para melhorar o funcionamento e qualidade dos partidos políticos de modo a que a sua presença promova a “qualidade cívica”. “O manifesto não é dirigido contra os políticos. Pelo contrário, quer chamar a atenção, porque os partidos são o pilar da democracia representativa”, afirmou, em entrevista ao JPN, Luís Campos e Cunha, membro do Conselho Coordenador do SEDES e ex-ministro das Finanças do Governo de Sócrates.

Estado “asfixiante”

A presença excessiva do Estado na sociedade é outro factor prejudicial apontado pelo documento. O Estado “demite-se muitas vezes do seu dever de isenta regulação, para desenvolver duvidosas articulações com interesses privados, que deixam em muitos um perigoso rasto de desconfiança”, refere o manifesto.

Campos e Cunha acrescenta que “o Estado é mais asfixiante em certos aspectos do que era há 30 anos atrás, quando metade da economia estava nas mãos do Estado”, referindo-se à intromissão do sector público nas esferas privadas, às escutas telefónicas e à corrupção, bem como o financiamento ilegal de partidos.

Cavaco apela à não resignação

“Não nos podemos resignar”, afirmou o Presidente da República, Cavaco Silva, questionado, sexta-feira, sobre a declaração da SEDES. Apesar de não ter lido o documento, afirmou, na inauguração do Instituto CUF em Matosinhos, que “não nos podemos resignar perante as dificuldades. Os portugueses têm que enfrentar as dificuldades e vencê-las”. Apelou ainda ao esforço e ao trabalho dos portugueses.