As comemorações do 183º aniversário da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) ficaram marcadas pela intervenção do reitor Marques dos Santos relativamente à “quebra brusca” do financiamento público nos últimos anos.

O reitor denunciou que a UP “foi espoliada de 19 milhões de euros nos últimos três anos”, orçamento que deveria ter sido canalizado para a instituição portuense, mas que foi entregue a outras universidades. “Em dois anos consecutivos foi ultrapassada uma redução de 20% real do orçamento”, sublinhou.

Perante as dificuldades, Agostinho Marques, director da FMUP, referiu que, no caso da sua faculdade, existe uma procura de outras fontes de orçamento, como, por exemplo, na vertente de investigação científica, responsável por 30% das receitas actuais da FMUP.

Ricardo Rocha, presidente da Associação de Estudantes da FMUP, expôs alguns problemas
com que a faculdade de depara, nomeadamente “o actual numerus clausus fixado em 240” e “a recente lei que regulamenta o ingresso nas faculdades de medicina por titulares do grau de licenciado”.

FMUP vive “excelente momento”

Na comemoração dos 183 anos de história Agostinho Marques destacou o “excelente momento” que a FMUP vive. Prova disso são os 1.400 alunos inscritos a somar aos cerca de 400 em regime de mestrado e doutoramento.

A FMUP dispõe actualmente de 1.463 alunos de mestrado integrado, uma subida de 25% em relação a 2004. Este aumento do número de alunos ingressados na faculdade é um entrave ao bom funcionamento e, segundo Ricardo Rocha, “é difícil cumprir as normas estabelecidas, no que concerne à qualidade do ensino e aprendizagem” na FMUP.

Novo regime jurídico discutido no dia da FMUP

Na discussão sobre a revisão estatutária do momento, Marques dos Santos apelou à “ preservação da coesão com respeito pela diversidade”, assim como à participação de todos com “espírito aberto e não dogmático”. O reitor defende a passagem da UP a fundação, mas reconhece que não haverá consenso na discussão sobre o novo modelo jurídico.

A comissão estatutária deve “construir o estatuto e impô-lo”, referiu, por seu lado, o director da FMUP. Agostinho Marques defende que “a faculdade deve ter voz neste domínio”, realçando, no entanto, a defesa da imagem de marca da FMUP que não deve ser posta em causa.