A Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), que negou estar a atravessar uma crise financeira, mostra-se disponível para negociar quaisquer decisões da reitoria relativamente à reorganização da universidade. No dia 27 de Fevereiro, em plenário do Conselho Científico, a FLUP oficializou, aliás, a disponibilidade para discutir a reestruturação da UP.

Admitindo, contudo, dificuldades, Jorge Alves, presidente do conselho directivo da FLUP, classifica o grande obstáculo de Letras como “um problema interno de reequilíbrio ao nível do corpo docente”.

“Recuperado esse equilíbrio, a Faculdade de Letras pode fazer as organizações que quiser, estar disponível para qualquer outra solução”, acrescenta, em declarações ao JPN. A abertura de Letras à reestruturação da universidade deve-se, segundo Jorge Alves, ao facto de os cursos funcionarem independentemente do local onde são leccionados.

Problemas no rácio docente/aluno causaram uma crise na FLUP, que o presidente do conselho directivo garante estar agora “equilibrada”. Dentro do corpo docente há quem considere a situação da faculdade como sendo “má”.

Ana Maria Brito, professora catedrática, justifica a crise com os cortes orçamentais do governo e a perda de alunos, mas confia numa recuperação da faculdade, através da sua “própria renovação interna, com novos cursos mais apelativos”.

“Isso já se sentiu este ano, mas não foi suficiente” para inverter a condição da FLUP, garante a docente, para quem a FLUP “acordou um pouco tarde”. Jorge Alves admite que a reestruturação “podia ter sido feita mais cedo” e que deixaram que certos “limiares” fossem “ultrapassados”.

Direcção da FLUP optimista

Diminuir o corpo docente faz parte de uma “gestão apertada”. Mas Jorge Alves não fala em despedimentos. “O que acontece é que havia, e há, alguns professores a não cumprirem os prazos para concluírem o doutoramento, a quem era dada sucessivamente permissão para renovarem os contratos”. Naquilo que diz ser uma “medida científica com impacto financeiro”, Jorge Alves afirmou ao JPN que foi decidido pôr um termo à renovação dos contratos desses docentes.

Em época de discussão dos novos estatutos, questiona-se a possibilidade de Letras poder beneficiar de novas condições. “Fala-se da inclusão de Letras numa grande escola de Ciências Sociais. A FLUP irá sobreviver, mas pode fazê-lo em moldes completamente diferentes”, projecta Ana Maria Brito.