A Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) não recua na intenção de processar os autores dos blogues que fizeram, na opinião da estrutura, “comentários difamatórios” sobre alegados pagamentos do Ministério da Educação.

A CONFAP mantém a decisão, mesmo depois de um dos blogues ter recuado na sua posição, considerando que apenas mudaram de opinião por saberem que vão responder perante o tribunal.

Os autores do blogue “Ensinar na escola” decidiram retirar o post relativo ao financiamento da instituição, sublinhando que nunca houve intenção de ofender ninguém e que se trata “apenas e só, de um blogue com opiniões meramente políticas”.

Por seu lado, o presidente da confederação diz que “a indicação que foi dada aos advogados é de avançar com a queixa”. Uma decisão contrária terá de ser tomada em conjunto visto que “não há um presidente clarividente” na estrutura.

Albino Almeida entende a blogosfera como um espaço livre e de direito de opinião, mas sublinha a importância do respeito pelo próximo. Para o presidente, os comentários publicados “insultaram a CONFAP, porque o presidente está hoje mas amanhã já não está”.

“O que me pergunto é se não tivéssemos tido essa determinação se eles não estariam hoje a dizer pior do que o que já disseram”, acrescenta.

Relativamente à acusação da CONFAP apoiar as políticas do Ministério da Educação por receber subsídios, Albino Almeida clarifica que não presta contas à tutela mas sim à assembleia de pais, que aprova o plano de actividades e o orçamento.

“Educação do meu Umbigo” mantém a sua posição

Contactado pelo JPN, o autor do blogue “A Educação do meu Umbigo” explica que não há uma campanha difamatória contra a CONFAP pois limitou-se a publicar em Novembro de 2007 o protocolo que existe entre a CONFAP e o Ministério da Educação. Paulo Guinote diz que, segundo as suas contas, “95% do financiamento da CONFAP é obtido através do ministério e que sem ele a confederação definharia”.

Paulo Guinote defende que em nenhum momento foi ofensivo, que apenas divulgou factos indesmentíveis e deu a sua opinião “até de forma bastante contida”.

Para o blogger e professor, a luta dos docentes é “contra as medidas que estão a ser postas em prática e não contra pessoas e organizações”. Guinote não entende por que razão Albino Almeida “está a tentar fazer alarido com um assunto que seria facílimo de explicar”.

Este “nervosismo” do presidente pode explicar-se, de acordo com Paulo Guinote, pelo facto do financiamento e a sua origem nunca ter sido devidamente escrutinado pelas associações de pais.

A posição do presidente da CONFAP em relação à reforma actualmente em curso é “mais entusiástica do que a dos próprios funcionários do ministério”, defende Guinote, que diz que a CONFAP representa só 80 associações de pais de um universo total de 1.800 associações.