A 10ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Famalicão (FamaFest), que inicia este sábado, mantém a tradição da temática “cinema e literatura”, presente desde a fundação. Durante os nove dias do festival, que decorre em várias salas do concelho, serão exibidos mais de uma centena de filmes.

A abertura do certame pertence à fadista Mariza, presença inédita no FamaFest. No fecho haverá outro concerto, o de Henrique Feist.

Algumas actividades paralelas do FamaFest:

– Ciclo “Sweeney Todd”
– Apresentação do filme “Fados” de Carlos Saura
– Espaço dedicado ao escritor Somerset Maugham
– Homenagens a Camilo de Oliveira, Adelaide João e Joaquim de Almeida
– Secção para jovens com filmes de manhã
– Secção “Da Palavra à Imagem”

Um dos destaques desta edição é a homenagem a Manoel de Oliveira, que comemora, este ano, o seu 100º aniversário. O Prémio da Lusofonia do FamaFest passa a chamar-se “Prémio Manoel de Oliveira” e será ainda exibido um ciclo retrospectivo da obra do realizador, que vai passar 11 dos seus filmes ao longo do festival.

Mais de 40 películas vão a concurso na secção competitiva, na qual se incluem 19 obras portuguesas, como “Ilha Portugal” de Anabela Saint-Maurice, “Terra Sonâmbula” de Teresa Prata, “O Mistério da Serra de Sintra” de Jorge Paixão da Costa e obras de António José Almeida e Pedro Clérigo, entre muitos outros.

As produções estrangeiras a concurso vêm do Brasil, França, Noruega, EUA, Egipto, Israel, Inglaterra, Índia, Bélgica, Moçambique e Canadá. São exemplos os filmes “Mãos Atadas” do Dan Wolman (Israel) e “Casa de Boneca de Mabu Mines” de Lee Breuer (França).

O júri é composto por figuras nacionais e internacionais da sétima arte e literatura, como a actriz brasileira Maria das Graças, o director Anxo Santomil e a actriz espanhola Uxia Blanco.

Cinema e literatura cada vez mais próximos

Lauro António, director do festival, cineasta e crítico de cinema, sublinha, em declarações ao JPN, a importância que o FamaFest tem tido no desenvolvimento das relações entre o cinema e a literatura, relações que considera “muito fecundas e muito proveitosas para estudos”.

O director refere que “a importância crescente que tem sido dada aos escritores em Portugal e à produção audiovisual relacionada com a área criativa é uma importância grande que o festival tem desenvolvido”.

“Esta era uma temática pouco abordada há 10 anos” e hoje são já várias as actividades que fomentam esta relação como “disciplinas nas universidades, workshops, conferências, licenciaturas e doutoramentos”, explica o director.

Para Lauro António, o cinema procura na literatura uma influência constante e o inverso é também cada vez mais visível ao nível da narrativa. No entanto, “cinema e literatura são duas narrativas completamente diferentes, há que fazer adaptações”, sublinha, acrescentando que se faz “um esforço de fidelidade ao espírito da obra, mas não à sua escrita porque essa tem que ser reinventada”.