O ex-presidente da Câmara de Matosinhos Narciso Miranda foi a figura central num debate organizado pelo Núcleo de Estudantes de Relações Internacionais da Universidade Lusíada do Porto, esta sexta-feira, sobre o papel das autarquias nas relações internacionais.

Perante uma sala cheia, Narciso defendeu que o “poder local é um actor fundamental para a promoção e coesão sociais”. Lamentou a falta de participação das autarquias nas decisões internacionais, cenário que se explica pela centralização política em Portugal.

“É ao nível local que se tem contacto com os problemas da população e, portanto, é a esse nível que devem ser encontradas as soluções”, sustentou o dirigente da Metro do Porto. A regionalização mostra-se então fundamental para este caminho, acrescentou.

Segundo Narciso Miranda, a participação do poder local nas relações internacionais faz-se fundamentalmente pelos processos de germinação e pela participação de Portugal no Comité das Regiões.

Chamando a atenção para o facto dos processos de germinação se terem que reger por critérios muito rigorosos, deu o exemplo da autarquia à qual presidiu durante mais de 26 anos. Uma germinação criada com a cidade brasileira de Congonhas do Campo e várias com cidades das ex-colónias portuguesas em África foram usadas como modelos a seguir nestas trocas históricas, culturais e linguísticas.

No que toca à participação de Portugal no Comité das Regiões, o ex-autarca revelou-se satisfeito, afirmando que esta se tem revelado “mais positiva do que o esperado”.

“Não me vou candidatar a Gaia”

Durante o debate houve ainda tempo para confrontar Narciso Miranda com um possível regresso à Câmara de Matosinhos. O dirigente reiterou o que já tem afirmado publicamente: “Sou um homem de poder local e estou atento ao que as pessoas querem. Aceitei as propostas do meu partido há dois anos e meio atrás contra a vontade de muita gente e agora estou disposto a corrigir o meu erro”.

Quanto à também falada candidatura à Câmara de Gaia, a resposta foi mais concreta: “Não me vou candidatar a Gaia. Fez-se muita ficção com isso”.