A União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) levou cerca de 30 activistas pelo país fora, de Norte a Sul do país, para “auscultar” a opinião das mulheres portuguesas acerca do feminismo. Depois de passar por Viana, as activistas participaram na tertúlia feminista “Onde estão as Simone de Beauvoir?”.

A escritora e filósofa francesa serviu de mote para a discussão feminista por ser “uma mulher conscientemente assumida”, de uma “liberdade triunfante”, que “não sofreu por ser mulher”, mas pela separação flagrante entre homens e mulheres, como explicou Maria Helena Alvim, da Associação Portuguesa de Investigação e História sobre as Mulheres.

“É preciso reinventar o feminismo”

Maria José Magalhães, vice-presidente da UMAR, acredita que o feminismo “nunca foi um movimento de massas”, porque as mulheres são “demasiado exigentes para uma só voz”. O movimento feminista em Portugal vive não só do activismo político e da produção de conhecimento (através de estudos), mas também “de uma dimensão individual”, isto é, “não é preciso fazer-se parte de um movimento ou de uma organização para ser feminista”.

“Diversidade não é o oposto de unidade”, considera a investigadora Manuela Tavares, que acredita que muitas vezes, o sentimento de colectividade faz com que “os sentires das minorias fiquem esquecidos”.

“Onde estão as feministas negras? Onde estão as emigrantes?”, perguntou a investigadora. “Aqui!”, respondeu Deidré Matthee, psicóloga sul-africana que está em Portugal há três anos. Deidré já era activista na África do Sul e trabalha com a UMAR desde 2007. O feminismo faz sentido hoje porque “a verdade é que quanto mais as coisas mudam, mais ficam na mesma. É preciso reinventar o feminismo e continuar a lutar contra a sociedade patriarcal, quer se seja mulher, quer se seja homem”.

Depois de uma breve passagem por Famalicão, a Rota trouxe as activistas de volta ao Porto, onde as mulheres não são muito feministas, nota Ana Paula Canotilho. “Dizem que a igualdade de direitos já existe!”, exclama. O balanço da viagem é, no entanto, positivo: pelo país fora, “há muito mais mulheres feministas do que imaginávamos”.