Os deputados Honório Novo e Jorge Machado, do Partido Comunista Português (PCP), realizaram hoje, segunda-feira, um mandato aberto sobre os problemas de segurança no Distrito do Porto.

Após encontros com o Comando Metropolitano da PSP, Comando da Brigada Territorial da GNR, Associação dos Profissionais da Guarda e com a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, os deputados concluíram que “tudo está na mesma ou ainda pior”. “[Encontrámos] os mesmos problemas, os mesmos bloqueios, as mesmas dificuldades que detectámos há dois anos e meio”, data do último mandato aberto que teve exactamente a mesma temática.

Situação “ainda pior” que há dois anos e meio

Em conferência de imprensa esta segunda-feira, na sede do PCP do Porto, Honório Novo afirmou que, “contrariamente ao que o Governo tinha anunciado na recomposição das forças de segurança”, os cursos para a integração de novos membros na GNR e na PSP sempre se vão realizar. No entanto, alertou, “a decisão tardia do Governo não vai conseguir evitar que estes cerca de 2 mil novos agentes da GNR e PSP só entrem em operação, na prática, lá para Maio-Junho de 2009” quando “já havia condições para entrarem em operação a meio deste ano”.

Honório Novo referiu, ainda, que a nível das instalações a situação actual “é quase tirada a papel químico” quando comparada com a de há dois anos e meio. Porém, “é ainda pior porque passaram dois anos e meio”, lembrou.

O deputado do PCP admitiu que há uma “verba afecta à construção de esquadras e de postos, respectivamente cerca de 55 milhões de euros para a PSP e de 70 milhões para a GNR para quatro anos, mas ninguém sabe, em concreto, como e quando isto se vai traduzir em obra feita”.

Já no que diz respeito aos equipamentos de mobilidade, a situação é idêntica, pois o “ Governo impede que haja viaturas em patrulha com mais de cinco anos”. Para Honório Novo, o importante é saber “se estes valores previstos garantem ou não aquilo que o Governo aprovou”. “Esta é uma PSP do século passado”, vincou.

Jorge Machado mostrou-se também “preocupado” com as forças de segurança, sobretudo no que diz respeito à formação policial. Para o dirigente do PCP, “continuam a existir grandes lacunas na formação profissional dos agentes de forças de segurança”. Admitiu sentir um certo “déjà vu” em relação ao último mandato aberto realizado há dois anos e meio sobre o mesmo tema.

Visitas da PSP às escolas

Jorge Machado falou também das visitas que se “realizaram às escolas do Porto antes da manifestação dos professores no sábado”.

O deputado referiu que “mesmo depois do senhor ministro ter aberto um inquérito interno, várias foram as escolas que foram visitadas, nomeadamente a escola Frei João em Vila do Conde”. “Questionámos directamente o Comando Metropolitano sobre este assunto porque consideramos esta uma situação gravíssima. A resposta que obtivemos foi de que há uma orientação da Direcção Nacional da PSP que pede para avaliar os dados, sem especificar, no entanto, quem disse para ir às escolas do Porto. Estão a averiguar”.

Ainda sobre esta questão, Jorge Machado defendeu que “é preciso apurar todas as responsabilidades e verificar em concreto quem deu as instruções para ir à escola”. “Vamos chamar ao Parlamento o ministro da Administração Interna para falar sobre este assunto”, referiu.