Em 2003, Carlos Bonaparte venceu um prémio de escrita na Biblioteca Municipal de Gaia, no espaço “Gaia Inclusiva”, um serviço de leitura e promoção cultural para pessoas portadoras de necessidades especiais.

Susana Vale, a fundadora e responsável pelo serviço, explica que os meios consistem em fornecer aos leitores invisuais obras em formato e suporte digital, os primeiros entregues em CD, os segundos lidos através de um leitor de ecrã.

Com produção própria, Susana Vale lembra que também oferecem produtos em braille, mas as novas tecnologias levaram à desactualização dessa linguagem, com mais de 150 anos, não havendo muita procura ultimamente.

Em relação ao ensino especial nas universidades, a responsável, também ela invisual, mostra-se satisfeita com o progresso em relação aos alunos invisuais, pois hoje em dia, “as universidades dispõem de recursos que há alguns anos não existiam”.

Quanto ao futuro, Susana Vale teme muito a integração no mercado de trabalho, porque “se a situação está péssima a nível geral, para os deficientes visuais ainda mais complicada fica”.

Biblioteca sonora no Porto “não chega para as encomendas”

A Biblioteca Municipal do Porto tem uma biblioteca sonora dentro das suas instalações, desde 1972. Depois de ter estado seis anos na Biblioteca Almeida Garrett, que também possui um espaço para invisuais, Ana Carvalhais mudou-se para a Biblioteca Municipal.

Coordenadora há um ano, explica que a biblioteca sonora do Porto, à semelhança do que acontece em Gaia, funciona num regime não-presencial, sendo os pedidos feitos através de telefone ou e-mail. A instituição conta com o auxílio de locutores contratados e voluntários, para a leitura das obras nas três cabines de som disponíveis.

Maioria dos locutores são voluntários

A responsável afirma que a maioria dos locutores é agora voluntário, pois as verbas para contratar novas pessoas já nem existem. E, devido à grande procura por parte dos leitores, o serviço da biblioteca “não chega para as encomendas”.

Ana Carvalhais confessa ao JPN que outra das coisas que aprendeu durante estes últimos anos, foi a “lidar com os cegos”.