Chama-se NevAR (Neuro Evolutionary Art) e foi desenvolvido pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). O programa informático permite gerar obras de arte inovadoras seguindo as características genéticas de qualquer ser vivo.

Este “artista” artificial, desenvolvido ao longo dos últimos 10 anos numa parceira entre o Laboratório de Engenharia Informática da FCTUC e cientistas da Universidade da Corunha, Espanha, pode seguir um estilo próprio, fazer auto-avaliação ou até ser crítico de arte.

O coordenador do projecto, Penousal Machado, define-o como “um projecto que pretende tornar o computador um veículo para a expressão artística”.

Criador e crítico

O NevAR é constituído por dois módulos: um criador, que pode originar um enorme conjunto de imagens, e um crítico. Se o papel do crítico for desempenhado por uma rede neural, o NevAR torna-se um “artista” artificial, visto que é totalmente autónomo.

O mecanismo de programação genética do NEvAR permite fazer evoluir as imagens para que se adaptem cada vez mais às preferências do crítico, reveladas pelas suas características genéticas.

O Sistema de Arte Artificial tem três modelos de funcionamento: interactivo, semi-autónomo e autónomo. No primeiro, o utilizador pode guiar a obra criada; no segundo, há uma interacção entre a orientação do utilizador e o computador; no modo autónomo, o computador assume todo o protagonismo, fazendo juízos estéticos e artísticos e criando imagens inovadoras.

Trabalhos expostos em vários países

Para que o computador pudesse fazer juízos estéticos, os programadores introduziram dois grupos de imagens no sistema: um de pintores famosos (como Picasso, Van Gogh, Dali ou Monet) e outro de imagens produzidas aleatoriamente por computador. Depois ensinaram o computador a distinguir entre o que é inovador e o que é indesejável.

No futuro espera-se que o NevAR possa ter uma aplicação real, deixando de ser apenas “um protótipo laboratorial desenvolvido para investigação”, afirmou Penousal Machado ao JPN.

Os trabalhos produzidos por este “artista” virtual nascido na Universidade de Coimbra já foram expostos em países como Espanha, Estados Unidos da América, Hungria e Rússia.