Competência, oportunidades, tolerância e prestígio. Foram as palavras-chave do discurso do primeiro-ministro no comício do PS, no Porto, no sábado. Assinalando três anos de governação, José Sócrates destacou o fim da crise orçamental e a redução do défice para menos de 3%, meta prometida nas eleições de 2005.

O aumento das exportações, o crescimento económico e o aumento do número de postos de trabalho foram objectivos dados como atingidos pelo Governo socialista. “Há hoje mais 94 mil portugueses empregados do que em Março de 2005”, reafirmou Sócrates, perante uma plateia de mais de sete mil pessoas.

Numa clara atitude de apoio à ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, Sócrates realçou o investimento do Governo na educação, argumentando com a diminuição do abandono escolar. “Nunca como com esta ministra da Educação tivemos tantos alunos no secundário”, disse.

A lei da paridade, a política de integração de imigrantes, o complemento solidário para idosos e lei do aborto foram apontadas pelo primeiro-ministro como bandeiras de igualdade defendidas pelo Governo.

O Tratado de Lisboa surgiu no discurso como facto de prestígio para Portugal. “O Tratado de Lisboa honra a passagem de Portugal pela Presidência Europeia e a passagem do Partido Socialista pelo Governo”, realçou.

Sem nunca responder de forma directa à sucessão de manifestações, José Sócrates deixou clara a ideia de que o Governo não pretende recuar perante vozes de discórdia. “Num país que tem a ambição de mudar, não podemos ceder aos que não querem mudar”, frisou.

Regresso de Jorge Coelho

Sem exercer actualmente nenhum cargo político, Jorge Coelho foi o que mais atacou a oposição social democrata. “Organizem-se. O país precisa de uma oposição organizada para saber qual o seu futuro”, ironizou Jorge Coelho em forma de recado ao PSD.

Manifestação de professores

Algumas dezenas de professores aproveitaram a ocasião para marcar presença na Praça do Marquês, a cerca de 200 metros do local do Pavilhão do Académico, onde decorreu o comício, para mostrar o seu descontentamento com as medidas levadas na cabo na educação. Com a cor preta a dominar as roupas, protagonizaram uma troca de insultos com militantes que se encontravam na praça, mas sem desacatos.

A única voz feminina a intervir no comício foi a de Elisa Ferreira, um dos nomes avançados para possível candidatura socialista à Câmara do Porto. No tom mais entusiasta da tarde, a eurodeputada fez um discurso voltado para a cidade e justificou o facto de o comício se realizar no Porto: “A prestação de contas faz sentido cá, porque há a convicção de que se pode inverter a tendência negativa se forem dadas condições”.

Alberto Martins, líder parlamentar socialista, antecipou a intervenção do primeiro-ministro e, tal como viria a fazer Sócrates mais tarde, resumiu a lista das medidas tomadas pelo Governo, com especial destaque para a solidariedade social e a educação, pontos de grande contestação actual.

Renato Sampaio, líder do PS Porto, abriu o comício com um discurso de claro apoio ao Governo. Falou de uma oposição a “quatro tempos”, referindo-se às recentes informações que dão conta de desentendimentos no seio do PSD.