Para a oposição, nove mandatos seguidos devem-se a muito mais do que boas obras feitas na ilha. Para Edgar Silva, coordenador do PCP na Madeira, o sucesso de tanto tempo no poder justifica-se através dos meios financeiros muito voluptuosos disponibilizados ao longo destes anos para a região como os 200 mil milhões de euros vindos da União Europeia, os montantes atribuídos pelo Governo central e as verbas próprias geradas na região.

A somar às razões económicas, o comunista acrescenta ainda “o discurso contra o continente e de pressão relativamente a Lisboa, em nome de uma alegada defesa da Madeira, muitas vezes na fronteira ambígua do independentista, criando a figura de defensor da região”. Edgar Silva menciona, também, a existência de uma “máquina partidária muito bem organizada, o PSD, com capacidade de influência directa aos vários níveis da sociedade”.

De acordo está o líder do PS-Madeira, João Carlos Gouveia que justifica tantas eleições ganhas com o factor medo e a ausência de uma oposição consolidada. “Não basta haver eleições para que haja democracia e as pessoas têm medo, porque a seguir não têm trabalho. 30% da população activa trabalha na função pública. Como é que pode haver pluralismo partidário se os partidos da oposição não conseguem recrutar dirigentes e militantes? Se não conseguem recrutar esses elementos, não há oposição”.

Um novo presidente para o próximo mandato

Questionado sobre o que espera de uma era pós-Jardim, Edgar Silva refere “o derrube do ‘Jardinismo’ como um novo rumo de justiça social para a região em que os grandes objectivos e compromissos concretos possam ser uma realidade”.

João Carlos Gouveia, por seu lado, espera “uma era onde os madeirenses não tenham medo nem do presidente da Câmara, nem do presidente da Junta de Freguesia, nem dos secretários regionais”, acrescentando o desejo de que as oportunidades sejam para todos e que as diferenças sociais sejam efectuadas pelo mérito, competência e trabalho”.