O Programa Alimentar Mundial (PAM), agência das Nações Unidas para a ajuda alimentar, apelou esta segunda-feira à comunidade internacional para que esta doasse 500 milhões de dólares (320 milhões de euros), de modo a reforçar a ajuda alimentar nos países mais necessitados.

O pedido urgente (em PDF) foi feito, na quinta-feira passada, para que sejam angariados 500 milhões de dólares nas próximas quatro semanas – até 1 de Maio – para evitar o racionamento alimentar, situação para a qual a organização tem vindo a alertar desde Fevereiro.

Segundo o documento, a ajuda extraordinária é a única saída para fazer frente à subida de preços dos alimentos que está a afectar países como o Iémen, Afeganistão, Somália e Zimbabué.

O PAM assiste cerca de 73 milhões de pessoas pelo mundo inteiro que não têm acesso às necessidades básicas de comida. A principal causa do apelo de Josette Sheeran, directora-executiva do PAM, é escalada de preços dos alimentos básicos e matérias-primas, nomeadamente os cereais, que está a prejudicar os países dependentes da ajuda internacional.

Aumento dos preços põe em risco ajuda alimentar

“Pedimos ao seu governo para que seja tão generoso quanto possível”, escreve Josette Sheeran na carta que enviou aos países doadores. No final de Fevereiro, o fosso orçamental do Programa Alimentar Mundial situava-se entre os 600 e os 700 milhões de dólares.

A subida dos preços da comida em 20% nas últimas três semanas, o aumento do preço do barril de petróleo para lá dos 100 dólares e o consequente aumento dos custos de transporte nos mercados internacionais contribuíram para a limitação do orçamento disponível, dificultando a distribuição dos alimentos.

Caso o PAM consiga receber os 500 milhões de dólares pedidos, isto vai significar um salto no orçamento da organização para 3,4 mil milhões de dólares, o dobro do que foi gasto em 2000.

Os países que mais contribuem para o PAM são os EUA, seguidos da União Europeia (UE) e do Canadá. Os EUA doaram cerca de 1,1 mil milhões de dólares no ano passado, enquanto a UE e o Canadá contribuíram com cerca de 250 e 160 milhões de dólares, respectivamente.

Porque é que o preço dos alimentos subiu?

– Aumento da procura nos países desenvolvidos
– Crescimento da população mundial
– Aumentos do petróleo e outras fontes de energia
– Aumento da procura de cerais para a produção de biocombustíveis
– Causas naturais
– Destruição de plantações

Governos tomam medidas para fazer frente à crise de preços

Os sucessivos aumentos de preços dos alimentos estão a causar protestos em vários pontos do mundo. No Egipto, morreram, pelo menos, sete pessoas nas últimas semanas, em confrontos à porta de padarias, de acordo com dados da polícia egípcia, citados pela Associated Press.

Na Indonésia houve, também, protestos devido ao aumento de preços dos cereais levando o governo a aumentar em um terço o valor dos subsídios alimentares. O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, apelou em Janeiro à ajuda internacional para os cerca de 2,5 milhões de pessoas que estavam a passar fome devido ao aumento de preços dos cereais.

O governo indiano proibiu a exportação de algumas variedades de arroz e a Rússia congelou os preços do leite, dos ovos, do pão e do óleo para cozinhar por seis meses.