Os perigos da escarpa da Serra do Pilar, em Gaia, não justificam o despejo dos moradores. A informação foi avançada ao JPN por fonte do Governo Civil e confirmada por Sérgio Paiva, representante dos moradores na Estrutura de Coordenação e Controlo dos Meios e Recursos, comissão criada a 17 de Março, data em que a governadora civil do Porto, Isabel Oneto, declarou a situação de alerta para a escarpa.

Perigo com mais de 40 anos

O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) avaliou as condições de segurança da escarpa em 1967, 1981, 1987 e 2006 (em PDF). Todos os relatórios apontam para a necessidade de intervenção na escarpa.

Segundo Sérgio Paiva, “o perigo que possa haver na escarpa é relativo”. O representante dos moradores diz que os habitantes têm conhecimento de que “pode haver duas ou três casas que representam perigo, mas é um perigo contido”, pelo que, se houverem desalojamentos, serão, na maioria, “temporários”.

O JPN sabe que a ordem de despejo imposta pela câmara de Gaia no início do mês “é da exclusiva vontade da câmara”, independentemente das condições de segurança na escarpa.

Sérgio Paiva adianta, ainda, que o início da “intervenção no terreno” está previsto para a próxima sexta-feira, altura em que estarão reunidas as autorizações e os recursos necessários à aplicação de medidas para minimizar os riscos da escarpa. O Governo Civil do Porto não confirma a data.

Moradores sentem “alívio”

O representante dos moradores volta a criticar a Câmara de Gaia, que acusa de “não mexer uma palha” para resolver a situação da escarpa.

“A câmara é que levou a escarpa à situação de risco”, reforça. Sérgio Paiva critica a “forma arrogante” como a autarquia tem dialogado com os moradores da Serra do Pilar, que agora sentem “alívio” com a passagem da resolução da situação da escarpa para as mãos do Governo Civil.

Uma comissão de acompanhamento das medidas preventivas a implementar na escarpa deslocou-se à Serra do Pilar a 11 de Março, tendo verificado que a câmara não tinha executado “quaisquer trabalhos relevantes no local”, como indica a declaração de situação de alerta do Governo Civil (em PDF).