Membros da Plataforma de Intervenção Cívica do Porto (PICP) estiveram, na passada quarta-feira, em audiência na sede do PS-Porto para apresentarem um projecto alternativo ao da TramCroNe (TCN), empresa holandesa a quem a Câmara Municipal do Porto atribuiu a concepção, reabilitação e exploração do Mercado do Bolhão. Reuniram-se, também, esta semana com o Bloco de Esquerda no Porto.

O arquitecto Joaquim Massena, representante da PICP, salientou que “o Mercado do Bolhão vai ser demolido se não houver intervenção” e que “o que foi feito durante muito tempo foi amordaçar os comerciantes”. O arquitecto acusou, também, o projecto da TCN de querer destruir toda a estrutura interior, deixando apenas as quatro paredes que compõem a fachada do edifício. Massena construiu uma maqueta exemplificativa que alguns membros da PICP levaram à Assembleia da República esta semana, juntamente com um dossiê de informações.

O porta-voz da PICP, José Maria Silva, refere que a PICP foi ouvida por “seis grupos parlamentares”, algo que considera muito importante, pois o objectivo é reunir apoios para que se possa agir o mais rápido possível. José Maria Silva referiu, também, a necessidade de garantir o património e de proteger os direitos dos vendedores.

“É preciso abrir o debate à cidade”

A PICP pretende organizar um ciclo de debates abertos ao público para expor a situação do Bolhão, que vão começar esta sexta-feira, nas instalações do Orfeão do Porto. Joaquim Massena diz que, apesar de terem “ganho duas batalhas”, com o não encerramento do mercado e com as 50 mil assinaturas recolhidas numa petição em defesa do Bolhão, “é preciso ganhar uma terceira batalha”. “Podemos ter outra concepção do mercado que não implica que ele seja um centro comercial e também proteger o património”, explica.

O arquitecto salientou que o edifício foi concebido de forma a não precisar de luz nem arejamento, mas que, se o projecto da TCN for executado, já “vai ser preciso, o que significa um gasto energético”. Massena diz que “demolir o interior e deixar a fachada para reconstruir ‘à moda de’ é hipocrisia”.

José Maria Silva referiu também a necessidade de alargar a plataforma de intervenção cívica, tendo sempre como referência o Bolhão, de modo a “interferir” no Bom Sucesso, no Rosa Mota e no Ferreira Borges.