Como avalia a governação de Sócrates?

Estão a ser tratadas áreas importantes. Talvez a mais visível seja o equilíbrio das contas públicas, mas estão a tocar em interesses tradicionalmente associados a alguns grupos profissionais que quase deixaram de ser avaliados e de prestar contas.

As contestações às politicas de Sócrates têm-se sucedido…

Os próprios sentem-se desconfortáveis e é natural. Há, por vezes, erros de gestão, há incompreensões, mas toda a gente tem de prestar contas públicas daquilo que está a fazer, desde os funcionários públicos, até aos professores, tribunais, forças de segurança…

O país precisava desta política?

Mexer no país no sentido de adaptar o Estado ao que ele tem de ser na vida actual e no cenário internacional é um exercício que é custoso, mas tem de ser feito. Neste momento, o papel do Estado é mais de regulação do que de fazer coisas. A mudança é complicada, mas está a mexer-se de forma séria.

O facto de estar no Parlamento Europeu ajuda a ter uma visão mais global do que decorre na política nacional?

Ajuda. Não sou conhecida por ser uma pessoa que elogia facilmente ou que abdica de opiniões pessoais a favor de opiniões de conveniência. [No comício] Disse o que penso. Estão a ser escolhidas políticas que eram necessárias pôr em prática e já o eram há quase 15 anos. Nunca houve condições para o fazer porque não havia maioria parlamentar suficiente, porque faltava a determinação ou porque os assuntos não eram abordados da forma mais correcta. As linhas fundamentais seguidas estão a ser feitas com coragem e determinação

Como tem sido a experiência como eurodeputada?

Muito interessante. Já fiz muitas coisas na vida: fui funcionária pública, sou de base professora universitária de economia e fui ministra durante seis anos. Empenho-me muito nos lugares que me vão surgindo na vida. E este é um dos que me está a dar muito prazer.

É um lugar trabalhoso, mas é possível influenciar as decisões europeias. É interessante ver os mesmos problemas que já vi tratados pelo lado português, em particular quando estive no Governo, agora tratados pelo lado europeu. É pessoalmente muito gratificante e politicamente pode-se marcar a presença.