O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, estendeu para 8 de Abril o prazo para os elementos do Exército de Mahdi, do clérigo Moqtada al-Sadr, entregarem as armas e mostrou-se disposto a recompensar aqueles que o fizessem. Não foi dada qualquer justificação para o alargamento do prazo para a rendição.

Esta sexta-feira houve novos confrontos entre as tropas iraquianas, que contaram com o apoio de elementos norte-americanos, e o Exército de Mahdi em Bassorá, que vitimaram, pelo menos, quatro polícias. Em Kut, 19 soldados iraquianos foram capturados. Houve, ainda, explosões em Bagdade e confrontos em, pelo menos, 13 bairros da capital.

Os tiroteios iniciaram-se terça-feira passada, em Bassorá, quando o primeiro-ministro iraquiano decidiu atacar a cidade sul-iraquiana. Segundo o governo, o objectivo não era atacar Moqtada al-Sadr, mas grupos que se afirmam parte do Exército de Mahdi. O comandante das tropas iraquianas em Bassorá disse à Reuters que já tinham morto 120 “inimigos” e ferido 450 desde o início da ofensiva.

Como resposta aos ataques, a milícia fez explodir, quinta-feira, um oleoduto perto de Bassorá, o que fez os preços do petróleo subirem ligeiramente. A situação já está, no entanto, normalizada. As exportações de petróleo proveniente de Bassorá representam 80% das receitas do Iraque.

As manifestações de apoio a Moqtada al-Sadr contrastam com as de protesto contra o primeiro-ministro iraquiano. Milhares de apoiantes de Sadr uniram-se contra Maliki nos bairros xiitas de Bagdade, exigindo a sua demissão, por o considerarem “um novo ditador”.

Maliki defende-se, alegando, num discurso emitido pela televisão estatal, estar a levar a cabo uma “missão histórica”, que pretende, num país de “milícias e foras da lei”, restaurar a ordem. No entanto, os seguidores de Sadr dizem que o objectivo do primeiro-ministro com esta ofensiva não passa de uma tentativa enfraquecer os seus rivais para as eleições de Outubro.

Formado em Abril de 2003, o Exército de Mahdi, milícia dirigida pelo líder religioso xiita Moqtada al-Sadr, conquistou muitos adeptos entre os xiitas mais pobres. Sadr, encontra-se, alegadamente, no Irão, a aprofundar os seus estudos religiosos para atingir a posição de Imã.