Para além do actual presidente, Robert Mugabe, estão na corrida do próximo sábado à presidência o seu rival histórico e líder do partido Movimento para a Mudança Democrática (MDC, no original em inglês), Morgan Tsvangirai, e o ex-ministro das Finanças, Simba Makoni. Os zimbabueanos irão votar, também, para o parlamento e governos locais, dominados até à data pelo partido Zanu-PF (União Nacional Africana do Zimbabwe – Frente Patriótica), de Mugabe.

As últimas sondagens apontam para a vitória de Tsvangirai, com 28% das intenções de voto, contra 20% do actual presidente. Já o candidato independente, Simba Makoni, fica-se pelos 8%. No entanto, e apesar de parecer estar tudo ainda em aberto, analistas receiam que as eleições venham a ser, uma vez mais, manipuladas, podendo resultar num sexto mandato do líder do Zanu-PF, mesmo que tal não seja a vontade da população.

Mugabe, que fez nome a lutar contra o domínio colonial britânico nos anos 70, não poupa críticas aos seus opositores, tendo usado termos como “bruxas, prostitutas e charlatães, traidores e criaturas de duas cabeças”, como cita a BBC.

Não tendo chegado a um acordo quanto à estratégia eleitoral, a oposição apresenta-se dividida. François Grignon, director do programa de África do International Crisis Group, explicou ao JPN que a divisão “poderá ser boa, sobretudo num sistema que permite duas voltas”. “Com mais candidatos os votos dispersam-se e podem impedir que Mugabe consiga mais de 50%, mas terão de se unir numa segunda volta”, acrescentou.

Dentro do próprio Zanu-PF criou-se um clima de instabilidade, com a candidatura de Makoni, antigo membro do partido no poder, anunciada a 5 de Fevereiro. Muitos governadores regionais viram com bons olhos esta decisão, uma vez que consideram como a melhor opção um Zanu-PF renovado.

Alvo de sanções por parte da União Europeia, Mugabe é acusado de autoritarismo e de violação dos direitos humanos. O Zimbabué encontra-se mergulhado numa grave crise económica há já oito anos, sofrendo de uma taxa de inflação que já ultrapassou os 100.000%. A esperança média de vida para os homens é de 36 anos, uma das mais baixas do mundo.